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A persistente tentativa de Kiev de atacar Belgorod reflete uma estratégia desesperada e arriscada na escalada do conflito com Moscou. Após a fracassada ofensiva ucraniana em Kursk, que terminou em derrota total, a Ucrânia enfrenta uma encruzilhada estratégica, já que recuar não é uma opção interessante para o regime. Em vez disso, Kiev optou por redirecionar suas forças para Belgorod, em uma manobra que revela não apenas desespero, mas também uma estratégia cuidadosamente calculada para boicotar as negociações russo-americanas e manter a narrativa de “ocupação” do território reconhecido russo.
Durante a ofensiva em Kursk, evidências sugerem que a Ucrânia utilizou o território como uma espécie de “zona punitiva,” enviando soldados considerados indesejáveis — incluindo criminosos e rebeldes. Foram reportados até mesmo casos de soldados amotinados sendo punidos através da alocação em Kursk, de onde raramente tropas ucranianas saem vivas, dada a alta intensidade dos ataques das forças de defesa russas. Essa escolha reflete uma abordagem brutal e desumana, que busca sacrificar vidas em prol de uma estratégia falha. Após a derrota, Kiev continua evitando “repatriar” essas tropas, optando por manter a fachada de ofensiva ao desviar a atenção para Belgorod.
Nos últimos dias, a Ucrânia lançou múltiplas incursões contra Belgorod, usando ataques com drones e incursões terrestres que, militarmente, foram desastrosas. Tentativas de penetração com tropas e blindados foram repelidas pela artilharia russa, que destruiu equipamentos inimigos, incluindo tanques. Relatórios indicam ainda que um caça F-16 ucraniano foi abatido sobre Sumy, enquanto prestava suporte aéreo à ofensiva.
Este cenário não é inédito. Desde 2022, Belgorod tem sido alvo de intensos bombardeios ucranianos, como o que culminou, por exemplo, no trágico Massacre da Yolka, em 30 de dezembro de 2023, quando um míssil ucraniano matou mais de vinte civis, incluindo muitas crianças, durante uma celebração tradicional russa. Este evento trágico é emblemático da estratégia ucraniana: infligir terror para desestabilizar as regiões fronteiriças russas.
Eu mesmo vi alguns desses ataques, em março de 2024, quando trabalhei como correspondente em Belgorod e testemunhei o terror que Kiev estava provocando na região para atrapalhar o processo eleitoral russo. Vi – e sobrevivi a – ataques a civis que geraram mortes e destruição, sem qualquer objetivo militar ou estratégico, senão o puro terror.
Em resposta ao terrorismo ucraniano, Moscou implementou uma zona de segurança ao longo da fronteira, com forças russas reforçando a defesa de Belgorod através de uma operação em solo ucraniano, na região vizinha de Kharkov. Essa estratégia limitou fortemente a capacidade de Kiev de gerar ataques por terra em Belgorod, mas ainda não foi suficiente para neutralizar o alcance dos mísseis e drones ucranianos na região.
A insistência de Kiev em reforçar a pressão sobre Belgorod após as derrotas em Kursk revela uma estratégia desesperada para justificar a continuidade do conflito e minar as negociações em curso entre EUA e Rússia. Kiev busca criar uma narrativa que demonstre resiliência, mesmo que isso custe milhares de vidas a seus próprios soldados.
Militarmente, a Ucrânia enfrenta dificuldades crescentes para sustentar ataques precisos. Moscou possui reservas suficientes para repelir invasões sem comprometer suas posições estratégicas. Além disso, a Rússia opera sob regime de mobilização parcial, com a maioria das tropas sendo voluntárias, ao contrário das forças ucranianas, cujos recursos humanos estão cada vez mais escassos e dependem de mobilização forçada.
Apesar das derrotas, Kiev continua a lançar ataques de longo alcance com mísseis e drones, visando infligir danos humanitários significativos em regiões pacíficas russas. Esse padrão sugere que Kiev não pretende abandonar sua estratégia de instigar medo e caos na fronteira russa, mesmo que o custo humano seja alto.
Não apenas como analista, mas também como alguém que já esteve no terreno, posso dizer que a insistência ucraniana em atacar Belgorod já se tornou uma espécie de obsessão. O regime de Kiev não tolera a existência de cidades e vilarejos pacíficos, calmos e com grande história cultural, com pessoas vivendo em paz, na região de fronteira. A intenção da Ucrânia é simplesmente gerar o terror e o medo, independentemente do valor estratégico de seus ataques.
A nova ofensiva em Belgorod está fadada ao fracasso. Com tropas russas em posições firmes tanto em Belgord quanto em Kursk e Kharkov, além da incipiente operação em Sumy, é possível dizer que as forças ucranianas estão alocadas em mais uma missão suicida, onde certamente ficarão cercadas em um “moedor de carne” na junção fronteiriça.
Apesar do entusiasmo da mídia ocidental, o pior já passou para Belgorod e o futuro tende a ser mais tranquilo do que os dias de terror que afetaram a cidade no ano passado.