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Na primeira quinzena de janeiro, as forças russas libertaram o vilarejo de Russkoye Porechnoye, na região (oblast) de Kursk, invadida pelos ucranianos em agosto do ano passado.
Ao tomarem conta do vilarejo, as tropas russas obtiveram sérios indícios de crimes de guerra contra civis cometidos pelos soldados ucranianos. Um deles foi a descoberta de porões residenciais cheios de cadáveres com marcas de tortura, hematomas, ferimentos de bala, violência sexual e mãos amarradas, conforme o comitê criado por Moscou para investimentos os crimes de guerra da Ucrânia.
Outro foi o depoimento chocante de um prisioneiro de guerra. “Íamos de uma casa para outra, onde encontramos uma mulher e dois homens”, disse ele. “Os homens foram mortos – um deles teve suas mãos decepadas pelo líder do nosso grupo. A mulher foi agredida, suas joias foram arrancadas, ela foi estuprada e, então, executada.”
A ofensiva contra Russkoye Porechnoye teve participação de cerca de 120 mercenários georgianos, segundo revelações da mídia russa. Alguns elementos informaram que foram treinados no Reino Unido no primeiro semestre do ano passado.
Treinados no Reino Unido também foram soldados ucranianos que atacaram outro vilarejo em Kursk, Sudzha. Ele também foi liberado há poucas semanas e, assim como em Russkoye Porechnoye, os investigadores encontraram indícios de crimes de guerra.
Pelo menos sete civis foram executados no porão de um prédio residencial de Sudzha, segundo as denúncias. Os corpos ainda estavam lá. Havia corpos de idosos, que não conseguiram escapar antes da chegada das tropas ucranianas. Seus corpos tinham marcas de tortura, com as mãos atadas. De acordo com os investigadores, os moradores foram jogados nos porões pelos soldados ucranianos, que então despejaram granadas para dentro.
Além das execuções, divulgou-se a notícia do bombardeio de um internato no dia 1° de fevereiro, em meio a uma série de operações de represália contra civis – os russos denunciam que isso é uma constante desde o início da guerra, em 2014.
De fato, quem esteve no Donbass nos últimos dez anos certamente ouviu alguma história sobre militares – ou, mais frequentemente, militantes neonazistas – ucranianos punindo a população civil de etnia russa por serem (ou por parecerem) defensores do governo russo e da nação russa.
Antes mesmo do início da operação militar especial da Rússia – em 24 de fevereiro de 2022 –, o Grupo de Trabalho Interdepartamental para a Busca de Vítimas da Agressão Ucraniana havia encontrado 37 corpos de crianças assassinadas pelos ucranianos na República Popular de Lugansk e 105 na República Popular de Donetsk. Em maio de 2022, eu acompanhei os membros do GT em uma missão na recém-libertada Rubezhnoye. Em um dia, eles desenterraram vários corpos (acompanhei a exumação de dois), que levamos de volta para a capital em uma furgoneta velha da milícia popular de Lugansk.
Vi muitas covas com cadáveres enterrados aos pés dos blocos residenciais destruídos em Rubezhnoye. Em agosto daquele ano, o GT encontrou outras 500 covas nos pátios dos prédios de Rubezhnoye. Pelo que me consta, aquelas pessoas acabaram por ser mortas pelos bombardeios durante a batalha naquela cidade. Nas ruas da cidade, passei em frente a prédios onde os moradores haviam pendurado placas nas janelas dos apartamentos, com os dizeres: “Há crianças, mulheres e idosos aqui. Não atire!”
Em Varvarovka, também na RPL, entrei na propriedade de uma igreja. Seus muros estavam esburacados por balas. O rachão, rachado por bombas. As casas ao redor também haviam sido alvejadas. A escola infantil, ao lado da igreja, tinha janelas quebradas e paredes metralhadas. A cozinha da igreja, que ficava do lado de fora, estava totalmente destroçada: os refugiados de Rubezhnoye, que, em abril, ali se abrigavam e se alimentavam, tiveram um míssil caído sobre suas cabeças. Ainda era possível ouvir o barulho dos bombardeios.
Visitei dois hospitais atacados pelos ucranianos, um em Rubezhnoye e outro em Novosvetlovka. Neste último, o diretor, Roman Fedorovich, me disse que os soldados ucranianos e membros do neonazista Batalhão Aidar, quando ocuparam a cidade em agosto de 2014, fizeram os pacientes e funcionários de escudos humanos.
Os crimes de guerra da Ucrânia são generalizados por todo o leste ucraniano e oeste russo.
Ainda sobre Sudzha, o tenente-general Igor Kirillov afirmou no ano passado que as forças ucranianos teriam utilizado armas químicas em sua ofensiva de agosto, deixando 20 habitantes do vilarejo com ferimentos. Esse tipo de denúncia, realizada por Kirillov desde 2022, foi o motivo do chefe das Tropas de Defesa contra Armas Radiológicas, Biológicas e Químicas das Forças Armadas da Rússia ter sido assassinado pelos ucranianos.
No entanto, nenhum desses casos mereceu ou merece uma linha sequer, uma nota de rodapé, no noticiário ocidental. Pudera: as próprias organizações supostamente humanitárias ignoram o sofrimento dos civis russos. Algumas, como me foi denunciado, inclusive ajudam materialmente no genocídio dos russos do Donbass.