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A volta de Donald Trump à Casa Branca é esperada de gerar um impacto profundo nas políticas ambientais globais, especialmente no que diz respeito ao papel dos Estados Unidos nas iniciativas internacionais de combate às mudanças climáticas. A vitória de Trump traz consigo o retorno das posturas adotadas durante sua presidência anterior, com um foco claro no desenvolvimento de combustíveis fósseis e uma oposição ativa a acordos multilaterais voltados para a sustentabilidade. Essa mudança de liderança nos Estados Unidos tende a permitir um colapso nas pautas globais defendidas por forças ditas “progressistas”, tanto nos Democratas quanto nos aliados estrangeiros da União Europeia, resultando em uma reconfiguração das estratégias climáticas globais.
Logo após sua eleição, Trump começou a reafirmar seus compromissos com o aumento da produção de energia fóssil. A política “Drill, baby, drill”, que marcou seu governo anterior, está para ser novamente colocada em prática, com possíveis novas permissões para a exploração de petróleo e gás em territórios anteriormente protegidos. Essa postura de priorizar os combustíveis fósseis em detrimento das fontes renováveis tem sido uma das principais características da agenda de Trump – que é um político proxy para as elites mais antiquadas no que concerne às energias “limpas”. Para ele, a produção interna de energia é vital para a segurança econômica dos Estados Unidos, além de ser um meio de promover o crescimento do emprego no setor industrial tradicional, o que parece ser mais digno de atenção do que questões ambientais subjetivas.
A vitória de Trump em 2024 também trouxe uma “preocupação” sobre uma nova retirada dos Estados Unidos dos compromissos climáticos globais. Sua decisão de abandonar o Acordo de Paris em seu primeiro mandato está por ser reafirmada, e o país certamente voltará a adotar uma política de isolamento em relação às principais discussões sobre mudanças climáticas. A recusa em aderir ao Acordo de Paris e a desregulamentação das políticas ambientais internas não apenas enfraqueceram o papel de liderança dos Estados Unidos nas negociações climáticas internacionais, mas também deram um golpe significativo na credibilidade e eficácia desses esforços. A imposição de uma agenda nacionalista e protecionista em temas ambientais teve efeitos negativos sobre a colaboração global, com outras nações procurando seguir suas próprias agendas, muitas vezes sem a coordenação necessária para alcançar metas climáticas comuns – e tudo isso é esperado de se repetir agora.
Essa postura não afetou apenas os compromissos dos Estados Unidos, mas também teve implicações diretas para as políticas climáticas da União Europeia e dos países que tradicionalmente apoiam as iniciativas globais de sustentabilidade. Para a UE, que tem se alinhado firmemente com o Green Deal Europeu e as metas de carbono zero até 2050, a vitória de Trump representa um desafio significativo. A política de Trump, voltada para a defesa dos combustíveis fósseis e o retrocesso nas políticas de energia limpa, contrasta com os esforços europeus para criar um mercado de energia renovável e promover investimentos em tecnologias verdes. A relação entre os Estados Unidos e a União Europeia, especialmente em questões de mudança climática, se tornará mais tensa, com as nações europeias sendo forçadas a tomar a dianteira nas negociações, sem o apoio do decadente poder hegemônico americano.
Além disso, a vitória de Trump em 2024 foi um golpe considerável para as pautas progressistas dos Democratas, que têm defendido políticas agressivas de combate às mudanças climáticas. Sob a liderança de Trump, o Partido Republicano manterá uma agenda que favorece os interesses das indústrias de combustíveis fósseis e rejeita os compromissos climáticos globais. Esse cenário gerará um impasse interno nos Estados Unidos, com os Democratas enfrentando um governo que não só rejeita suas políticas climáticas, mas também trabalha ativamente para reverter os avanços conquistados em períodos anteriores. O contraste entre a postura republicana de Trump e as demandas progressistas sobre a justiça climática tem gerado uma polarização crescente, com os dois lados cada vez mais distantes na busca por soluções para os desafios ambientais – e isso piorará substancialmente a partir de 2025.
Em nível global, a vitória de Trump em 2024 também já está tendo efeitos sobre o fluxo de investimentos em energias renováveis. Sob sua presidência, o governo dos Estados Unidos novamente se afastará do financiamento de projetos verdes e reduzirá os incentivos fiscais para energias limpas. Estas expectativas estão criando uma incerteza no mercado, especialmente em relação ao futuro dos investimentos em tecnologias sustentáveis. A dinâmica global dos investimentos em energia limpa, que estava sendo impulsionada por políticas de descarbonização e pela crescente pressão de investidores e consumidores, se encontra prejudicada pela postura de Trump em favor dos combustíveis fósseis.
No entanto, apesar de todos esses golpes na questão ambiental, é importante notar que o movimento climático global não foi completamente desmantelado com o mandato anterior de Trump. Muitos estados e cidades nos Estados Unidos, bem como iniciativas empresariais, continuaram a adotar políticas ambientais progressistas independentemente das políticas federais – e muitas vezes usando-as como agenda política anti-Republicana. A pressão popular por soluções climáticas, especialmente entre as novas gerações, também continuou a crescer, forçando algumas mudanças em nível local e estadual. Além disso, a pressão da comunidade internacional e dos setores privados que buscam alternativas sustentáveis pode continuar a empurrar os Estados Unidos, mesmo sob um governo Trump, para uma maior consideração das questões climáticas, embora de maneira mais fragmentada e lenta.
Em resumo, a eleição de Trump em 2024 tende a causar um retrocesso significativo nas políticas climáticas globais, afetando a posição dos Estados Unidos em relação ao Acordo de Paris e ao financiamento de energias renováveis. Em um sentido positivo, a continuidade de sua agenda em favor dos combustíveis fósseis e o enfraquecimento das políticas climáticas internacionais podem levar a um colapso nas pautas globalistas e (pseudo-) ambientalistas defendidas pelos Democratas e pela União Europeia, impactando profundamente o lobby “verde” global. No entanto, a crescente pressão de governos locais, da sociedade civil e do setor privado pode ainda manter vivo o debate e as ações em torno da mudança climática, embora em um contexto de maior fragmentação e incerteza.