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Bruna Frascolla
November 20, 2024
© Photo: Social media

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

“Não se contraria doido” é um dito comum no Brasil, e é um dito sensato. Se uma pessoa te disser que aquele que Lula foi substituído por um clone na Operação Storm, porque a General Laura Richardson está com navios-prisões ancorados por toda a costa substituindo os maus por clones, não há muito o que responder. Mais certo é chamar um médico. Assim, considero judicioso o vizinho da minha tia, que a aconselhou a concordar com tudo quando a vizinha deles viesse lhes contar que Lula na verdade é um clone – olha lá, amputaram o dedo da mão errada. E assim fez a minha tia. A história do homem-bomba em Brasília, que também acreditava na Operação Storm, me lembrou esse causo.

Durante a histeria coletiva que tomou conta da direita entre 30 outubro de 2022 (data da eleição de Lula) e 8 de janeiro de 2023, eu tentei me inteirar das fontes dos delírios, inclusive a história dos clones. Com frequência apontava-se como culpado o canal de Youtube de um pastor doido e/ou picareta que usava o universo de Nárnia para representar Bolsonaro como o Leão que vem salvar o Brasil do comunismo. Bolsonaro é católico, mas, ainda assim, podemos localizar esse primeiro surto de loucura direitista como uma coisa de pentecostais e de idosos que passam tempo demais vendo Youtube.

Passado o surto histérico, a crença em clones continuou por aí, normalizada na cabeça de pessoas como a aposentada vizinha da minha tia. Não era para chamar médico, porque é uma crença “normal” dentro de um certo nicho de pessoas sem graves problemas psiquiátricos. Assim descobri outro propagador, esse com uma audiência muito maior do que a do pastor doido: um velho de cabeleira pintada de acaju, com o rosto todo cheio de botox, promete que a Operação Storm vai trazer a Nova Era, ou a Era de Aquário, após livrar a terra de todo o mal. A general Laura Richardson está com navios-prisões ancorados na costa sul-americana. Lula e Maduro já estão presos ou mortos; esses que estão aí são clones – olha lá o dedo amputado da mão errada. O youtuber está há anos garantindo que em breve a Operação Storm será concluída. Coisa significativa: ele não deposita as esperanças em Bolsonaro.

Pois bem: o homem de meia idade que se explodiu vestido de Coringa em Brasília este mês deixou no Facebook um apelo para que Donald Trump acelerasse a Operação Storm. Diante das mensagens (ele mandava mensagens para si mesmo no WhatsApp, printava e postava no Facebook), os bolsonaristas preferiram destacar que o doido pedia que Bolsonaro e Lula abandonassem a vida pública. A seu turno, a imprensa mainstream preferiu destacar que ele era um radical de direita, que acreditava que o Brasil vive sob uma ditadura atroz e desejava a libertação dos presos do 8 de janeiro.

O homem era doido, mas as crenças não eram contraditórias: a direita mais radical hoje considera que Bolsonaro é um frouxo, um traidor, e por isso o odeia. Por isso é que o velho new age de cabelo pintado teve mais sucesso do que o pastor picareta: a salvação está no Exército dos EUA, não em Bolsonaro.

Como a mídia e os bolsonaristas ficaram num jogo de empurra, acabou que não vi ninguém destacar que o doido acreditava na Operação Storm. O velho de cabelo pintado não ganhou os noticiários. Alexandre de Moraes condena muito o ódio, o extremismo, as fake news, mas nada se fala dessas teorias lisérgicas que não estão diretamente relacionadas ao ódio, nem se pretendem noticiosas.

Agora, após o suicídio do homem-bomba, a direita radical entrou em mais um surto histérico. Acreditam que o patriota foi um herói abatido por um sniper quando portava só fogos de artifício, não um doido suicida cujas bombas, por sorte e incompetência, não atingiram ninguém. Tudo seria uma armação de Alexandre de Moraes para que a verdadeira direita pudesse ser pintada como terrorista e reprimida. Será que acreditam em clones também?

O que mais me chama a atenção nessa história toda é a normalização da loucura. Um vetor está muito claro: a liberdade de expressão proporcionada pela internet, e que não encontrou ainda, no Ocidente, uma regulação sadia. Uns pretendem universalizar a Primeira Emenda e liberar todo tipo de discurso; outros pretendem implementar uma censura woke. Não deixa de ser uma projeção dos EUA sobre sua esfera de influência: ou bem ficamos como os Republicanos e sua Primeira Emenda, ou bem aceitamos uma censura favorável aos interesses dos Democratas (que vão desde as “vacinas” de mRNA até a eleição de Lula em 2022).

Olhar para a conjuntura dos EUA ajuda muito. Afinal, a história dos clones é uma repetição de uma maluquice difundida anos antes sobre Biden. A crermos na Newsweek, a teoria de que Biden foi substituído por um clone porque morreu ou foi preso ganhou o Facebook em meados de junho de 2021, e foi veiculada primeiro por um inglês no Telegram.

Pelo jeito, um maluco com o megafone da internet, sem repressão às falas, consegue arregimentar seguidores – não à toa, os EUA são cheios de seitas lideradas por esquisitões. Mas tem mais: pela minha observação pessoal, o direitista exaltado, mesmo que se diga muito conservador e religioso, é ou foi um drogado. Dispensando-se a minha observação pessoal, há fatos públicos. Um dos deputados mais exaltados da direita, de Santa Catarina (mesmo do estado do homem-bomba), teve vazadas fotos cheirando cocaína. Um influencer de direita do mesmo estado, amigo do direitista Pablo Marçal, é réu por tráfico de drogas – e uma das idosas presas do 8 e janeiro, também de Santa Catarina, é uma traficante de drogas julgada e condenada. (Caso o leitor estrangeiro esteja curioso, Santa Catarina é um estado rico e indutrializado, cheio de descendentes de alemães e direitistas, com um grande porto e belas praias.) Junto a Santa Catarina está o país presidido por Javier Milei, o roqueiro “conservador” que se consulta com um cachorro morto. Assim, é de se perguntar quantos desses delírios políticos não são produzidos e consumidos por pessoas que estão fora de si. Nisso, mais uma vez, estamos na companhia dos Estados Unidos, um país cheio de drogados.

Não é à toa, então, que o velho de cabelo pintado faz sucesso pregando a Nova Era. O New Age, o desbunde, foi um momento de promoção de drogas e de revolta contra o “sistema”. Se quisermos procurar as raízes mais profundas dos loucos que cometem atentados a bomba e acreditam nas teorias mais extravagantes, elas provavelmente estarão no fenômeno da Contracultura. Quanto ao Brasil, o próprio Olavo de Carvalho, falecido guru da direita radical, foi um interno de hospício e um astrólogo poligâmico, antes de se apresentar como sóbrio pensador católico conservador. Nada mais contracultural que isso.

O homem-bomba de Brasília e a normalização da loucura

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

“Não se contraria doido” é um dito comum no Brasil, e é um dito sensato. Se uma pessoa te disser que aquele que Lula foi substituído por um clone na Operação Storm, porque a General Laura Richardson está com navios-prisões ancorados por toda a costa substituindo os maus por clones, não há muito o que responder. Mais certo é chamar um médico. Assim, considero judicioso o vizinho da minha tia, que a aconselhou a concordar com tudo quando a vizinha deles viesse lhes contar que Lula na verdade é um clone – olha lá, amputaram o dedo da mão errada. E assim fez a minha tia. A história do homem-bomba em Brasília, que também acreditava na Operação Storm, me lembrou esse causo.

Durante a histeria coletiva que tomou conta da direita entre 30 outubro de 2022 (data da eleição de Lula) e 8 de janeiro de 2023, eu tentei me inteirar das fontes dos delírios, inclusive a história dos clones. Com frequência apontava-se como culpado o canal de Youtube de um pastor doido e/ou picareta que usava o universo de Nárnia para representar Bolsonaro como o Leão que vem salvar o Brasil do comunismo. Bolsonaro é católico, mas, ainda assim, podemos localizar esse primeiro surto de loucura direitista como uma coisa de pentecostais e de idosos que passam tempo demais vendo Youtube.

Passado o surto histérico, a crença em clones continuou por aí, normalizada na cabeça de pessoas como a aposentada vizinha da minha tia. Não era para chamar médico, porque é uma crença “normal” dentro de um certo nicho de pessoas sem graves problemas psiquiátricos. Assim descobri outro propagador, esse com uma audiência muito maior do que a do pastor doido: um velho de cabeleira pintada de acaju, com o rosto todo cheio de botox, promete que a Operação Storm vai trazer a Nova Era, ou a Era de Aquário, após livrar a terra de todo o mal. A general Laura Richardson está com navios-prisões ancorados na costa sul-americana. Lula e Maduro já estão presos ou mortos; esses que estão aí são clones – olha lá o dedo amputado da mão errada. O youtuber está há anos garantindo que em breve a Operação Storm será concluída. Coisa significativa: ele não deposita as esperanças em Bolsonaro.

Pois bem: o homem de meia idade que se explodiu vestido de Coringa em Brasília este mês deixou no Facebook um apelo para que Donald Trump acelerasse a Operação Storm. Diante das mensagens (ele mandava mensagens para si mesmo no WhatsApp, printava e postava no Facebook), os bolsonaristas preferiram destacar que o doido pedia que Bolsonaro e Lula abandonassem a vida pública. A seu turno, a imprensa mainstream preferiu destacar que ele era um radical de direita, que acreditava que o Brasil vive sob uma ditadura atroz e desejava a libertação dos presos do 8 de janeiro.

O homem era doido, mas as crenças não eram contraditórias: a direita mais radical hoje considera que Bolsonaro é um frouxo, um traidor, e por isso o odeia. Por isso é que o velho new age de cabelo pintado teve mais sucesso do que o pastor picareta: a salvação está no Exército dos EUA, não em Bolsonaro.

Como a mídia e os bolsonaristas ficaram num jogo de empurra, acabou que não vi ninguém destacar que o doido acreditava na Operação Storm. O velho de cabelo pintado não ganhou os noticiários. Alexandre de Moraes condena muito o ódio, o extremismo, as fake news, mas nada se fala dessas teorias lisérgicas que não estão diretamente relacionadas ao ódio, nem se pretendem noticiosas.

Agora, após o suicídio do homem-bomba, a direita radical entrou em mais um surto histérico. Acreditam que o patriota foi um herói abatido por um sniper quando portava só fogos de artifício, não um doido suicida cujas bombas, por sorte e incompetência, não atingiram ninguém. Tudo seria uma armação de Alexandre de Moraes para que a verdadeira direita pudesse ser pintada como terrorista e reprimida. Será que acreditam em clones também?

O que mais me chama a atenção nessa história toda é a normalização da loucura. Um vetor está muito claro: a liberdade de expressão proporcionada pela internet, e que não encontrou ainda, no Ocidente, uma regulação sadia. Uns pretendem universalizar a Primeira Emenda e liberar todo tipo de discurso; outros pretendem implementar uma censura woke. Não deixa de ser uma projeção dos EUA sobre sua esfera de influência: ou bem ficamos como os Republicanos e sua Primeira Emenda, ou bem aceitamos uma censura favorável aos interesses dos Democratas (que vão desde as “vacinas” de mRNA até a eleição de Lula em 2022).

Olhar para a conjuntura dos EUA ajuda muito. Afinal, a história dos clones é uma repetição de uma maluquice difundida anos antes sobre Biden. A crermos na Newsweek, a teoria de que Biden foi substituído por um clone porque morreu ou foi preso ganhou o Facebook em meados de junho de 2021, e foi veiculada primeiro por um inglês no Telegram.

Pelo jeito, um maluco com o megafone da internet, sem repressão às falas, consegue arregimentar seguidores – não à toa, os EUA são cheios de seitas lideradas por esquisitões. Mas tem mais: pela minha observação pessoal, o direitista exaltado, mesmo que se diga muito conservador e religioso, é ou foi um drogado. Dispensando-se a minha observação pessoal, há fatos públicos. Um dos deputados mais exaltados da direita, de Santa Catarina (mesmo do estado do homem-bomba), teve vazadas fotos cheirando cocaína. Um influencer de direita do mesmo estado, amigo do direitista Pablo Marçal, é réu por tráfico de drogas – e uma das idosas presas do 8 e janeiro, também de Santa Catarina, é uma traficante de drogas julgada e condenada. (Caso o leitor estrangeiro esteja curioso, Santa Catarina é um estado rico e indutrializado, cheio de descendentes de alemães e direitistas, com um grande porto e belas praias.) Junto a Santa Catarina está o país presidido por Javier Milei, o roqueiro “conservador” que se consulta com um cachorro morto. Assim, é de se perguntar quantos desses delírios políticos não são produzidos e consumidos por pessoas que estão fora de si. Nisso, mais uma vez, estamos na companhia dos Estados Unidos, um país cheio de drogados.

Não é à toa, então, que o velho de cabelo pintado faz sucesso pregando a Nova Era. O New Age, o desbunde, foi um momento de promoção de drogas e de revolta contra o “sistema”. Se quisermos procurar as raízes mais profundas dos loucos que cometem atentados a bomba e acreditam nas teorias mais extravagantes, elas provavelmente estarão no fenômeno da Contracultura. Quanto ao Brasil, o próprio Olavo de Carvalho, falecido guru da direita radical, foi um interno de hospício e um astrólogo poligâmico, antes de se apresentar como sóbrio pensador católico conservador. Nada mais contracultural que isso.

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

“Não se contraria doido” é um dito comum no Brasil, e é um dito sensato. Se uma pessoa te disser que aquele que Lula foi substituído por um clone na Operação Storm, porque a General Laura Richardson está com navios-prisões ancorados por toda a costa substituindo os maus por clones, não há muito o que responder. Mais certo é chamar um médico. Assim, considero judicioso o vizinho da minha tia, que a aconselhou a concordar com tudo quando a vizinha deles viesse lhes contar que Lula na verdade é um clone – olha lá, amputaram o dedo da mão errada. E assim fez a minha tia. A história do homem-bomba em Brasília, que também acreditava na Operação Storm, me lembrou esse causo.

Durante a histeria coletiva que tomou conta da direita entre 30 outubro de 2022 (data da eleição de Lula) e 8 de janeiro de 2023, eu tentei me inteirar das fontes dos delírios, inclusive a história dos clones. Com frequência apontava-se como culpado o canal de Youtube de um pastor doido e/ou picareta que usava o universo de Nárnia para representar Bolsonaro como o Leão que vem salvar o Brasil do comunismo. Bolsonaro é católico, mas, ainda assim, podemos localizar esse primeiro surto de loucura direitista como uma coisa de pentecostais e de idosos que passam tempo demais vendo Youtube.

Passado o surto histérico, a crença em clones continuou por aí, normalizada na cabeça de pessoas como a aposentada vizinha da minha tia. Não era para chamar médico, porque é uma crença “normal” dentro de um certo nicho de pessoas sem graves problemas psiquiátricos. Assim descobri outro propagador, esse com uma audiência muito maior do que a do pastor doido: um velho de cabeleira pintada de acaju, com o rosto todo cheio de botox, promete que a Operação Storm vai trazer a Nova Era, ou a Era de Aquário, após livrar a terra de todo o mal. A general Laura Richardson está com navios-prisões ancorados na costa sul-americana. Lula e Maduro já estão presos ou mortos; esses que estão aí são clones – olha lá o dedo amputado da mão errada. O youtuber está há anos garantindo que em breve a Operação Storm será concluída. Coisa significativa: ele não deposita as esperanças em Bolsonaro.

Pois bem: o homem de meia idade que se explodiu vestido de Coringa em Brasília este mês deixou no Facebook um apelo para que Donald Trump acelerasse a Operação Storm. Diante das mensagens (ele mandava mensagens para si mesmo no WhatsApp, printava e postava no Facebook), os bolsonaristas preferiram destacar que o doido pedia que Bolsonaro e Lula abandonassem a vida pública. A seu turno, a imprensa mainstream preferiu destacar que ele era um radical de direita, que acreditava que o Brasil vive sob uma ditadura atroz e desejava a libertação dos presos do 8 de janeiro.

O homem era doido, mas as crenças não eram contraditórias: a direita mais radical hoje considera que Bolsonaro é um frouxo, um traidor, e por isso o odeia. Por isso é que o velho new age de cabelo pintado teve mais sucesso do que o pastor picareta: a salvação está no Exército dos EUA, não em Bolsonaro.

Como a mídia e os bolsonaristas ficaram num jogo de empurra, acabou que não vi ninguém destacar que o doido acreditava na Operação Storm. O velho de cabelo pintado não ganhou os noticiários. Alexandre de Moraes condena muito o ódio, o extremismo, as fake news, mas nada se fala dessas teorias lisérgicas que não estão diretamente relacionadas ao ódio, nem se pretendem noticiosas.

Agora, após o suicídio do homem-bomba, a direita radical entrou em mais um surto histérico. Acreditam que o patriota foi um herói abatido por um sniper quando portava só fogos de artifício, não um doido suicida cujas bombas, por sorte e incompetência, não atingiram ninguém. Tudo seria uma armação de Alexandre de Moraes para que a verdadeira direita pudesse ser pintada como terrorista e reprimida. Será que acreditam em clones também?

O que mais me chama a atenção nessa história toda é a normalização da loucura. Um vetor está muito claro: a liberdade de expressão proporcionada pela internet, e que não encontrou ainda, no Ocidente, uma regulação sadia. Uns pretendem universalizar a Primeira Emenda e liberar todo tipo de discurso; outros pretendem implementar uma censura woke. Não deixa de ser uma projeção dos EUA sobre sua esfera de influência: ou bem ficamos como os Republicanos e sua Primeira Emenda, ou bem aceitamos uma censura favorável aos interesses dos Democratas (que vão desde as “vacinas” de mRNA até a eleição de Lula em 2022).

Olhar para a conjuntura dos EUA ajuda muito. Afinal, a história dos clones é uma repetição de uma maluquice difundida anos antes sobre Biden. A crermos na Newsweek, a teoria de que Biden foi substituído por um clone porque morreu ou foi preso ganhou o Facebook em meados de junho de 2021, e foi veiculada primeiro por um inglês no Telegram.

Pelo jeito, um maluco com o megafone da internet, sem repressão às falas, consegue arregimentar seguidores – não à toa, os EUA são cheios de seitas lideradas por esquisitões. Mas tem mais: pela minha observação pessoal, o direitista exaltado, mesmo que se diga muito conservador e religioso, é ou foi um drogado. Dispensando-se a minha observação pessoal, há fatos públicos. Um dos deputados mais exaltados da direita, de Santa Catarina (mesmo do estado do homem-bomba), teve vazadas fotos cheirando cocaína. Um influencer de direita do mesmo estado, amigo do direitista Pablo Marçal, é réu por tráfico de drogas – e uma das idosas presas do 8 e janeiro, também de Santa Catarina, é uma traficante de drogas julgada e condenada. (Caso o leitor estrangeiro esteja curioso, Santa Catarina é um estado rico e indutrializado, cheio de descendentes de alemães e direitistas, com um grande porto e belas praias.) Junto a Santa Catarina está o país presidido por Javier Milei, o roqueiro “conservador” que se consulta com um cachorro morto. Assim, é de se perguntar quantos desses delírios políticos não são produzidos e consumidos por pessoas que estão fora de si. Nisso, mais uma vez, estamos na companhia dos Estados Unidos, um país cheio de drogados.

Não é à toa, então, que o velho de cabelo pintado faz sucesso pregando a Nova Era. O New Age, o desbunde, foi um momento de promoção de drogas e de revolta contra o “sistema”. Se quisermos procurar as raízes mais profundas dos loucos que cometem atentados a bomba e acreditam nas teorias mais extravagantes, elas provavelmente estarão no fenômeno da Contracultura. Quanto ao Brasil, o próprio Olavo de Carvalho, falecido guru da direita radical, foi um interno de hospício e um astrólogo poligâmico, antes de se apresentar como sóbrio pensador católico conservador. Nada mais contracultural que isso.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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