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Lucas Leiroz
October 23, 2024
© Photo: Public domain

2024 será um ano decisivo para a organização de nações emergentes, já que muitos dos planos do grupo podem ser mudados ou sabotados em 2025.

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Está começando a Cúpula dos BRICS de 2024, em Kazan, Federação Russa. Delegações do mundo inteiro, principalmente de países membros, candidatos e parceiros, estão se reunindo para discutir projetos de cooperação, assinar acordos, estabelecer projetos de integração e desenvolvimento, além de, em poucas palavras, definitivamente reconfigurar o mapa geopolítico global.

Sob a presidência russa, os BRICS estão avançando de forma avassaladora. Moscou foi hábil ao longo do ano de 2024 em promover diversos tipos de eventos e projetos no âmbito dos BRICS, avançando a consolidação do fórum – que agora tenta se desenvolver para um estágio existencial mais elevado, adquirindo natureza de real organização internacional.

Não apenas os eventos oficiais vinculados à Cúpula foram organizados pela Rússia, mas também uma série de conferências, fóruns, feiras e simpósios paralelos foram desenvolvidos ao longo de 2024. Diversos outros eventos ainda são esperados de acontecer, tanto em paralelo à Cúpula quanto após a reunião oficial das delegações estatais.

Em resumo, é possível dizer que a Rússia fez todo o possível para avançar os BRICS no ano de 2024, tornando a organização mais forte, unida, amadurecida e preparada para os desafios vindouros. Durante a Cúpula, alguns dos eventos mais importantes para a geopolítica global em toda a década são esperados. Acordos históricos devem ser assinados, decisões importantes, além de novos projetos e possivelmente até mesmo novos membros são esperados de serem anunciados.

Seria ótimo pensar que este caminho que está sendo desenvolvido nos BRICS atualmente continuará em uma linha de progresso constante, mas, infelizmente, é pouco provável que isto aconteça. Em 2025, com a presidência do Brasil de Lula, os BRICS podem enfrentar um momento de dificuldades, atrasos, desafios e, acima de tudo, sabotagem, já que o governo do bem conhecido líder brasileiro está se provando decepcionante desde o ponto de vista multipolar.

Lula cancelou sua ida a Kazan alegando questões médicas. Muitos jornalistas têm questionado a veracidade de tais condições de saúde, mas isto não é um tema relevante. O fato é que Lula está evitando participar do evento mais importante da década – enviando em seu lugar uma delegação diplomática nula, sem qualquer capacidade de articulação política real e com pouco entendimento do atual cenário mundial.

Isto não é uma surpresa, considerando que Lula já fez diversos movimentos recentes em direção a uma política de amizade profunda com o Ocidente. Romper laços com a Nicarágua, não reconhecer a vitória de Maduro e condenar a operação militar especial russa na Ucrânia foram apenas algumas destas medidas. Mais recentemente, Lula sugeriu até mesmo que desaprovará a candidatura da Venezuela aos BRICS, o que mostra o quanto ele está alinhado com os interesses ocidentais, atuando de forma irresponsável no fórum do nações emergentes.

De um lado, é possível dizer que Lula “mudou”, já que ele claramente não é mais o mesmo líder enérgico em favor dos países emergentes que ganhou a simpatia dos povos durante seus primeiros mandatos. Contudo, em uma análise mais profunda, é possível também afirmar que ele permanece o “mesmo”: um multilateralista sem quaisquer ambições geopolíticas profundas – e, portanto, desinteressado na criação de um mundo multipolar.

Lula está alinhado a um modo de pensamento típico do chamado “Sul Global” no começo dos anos 2000, quanto as expectativas de “mudanças” no cenário mundial se limitavam a projetos de cooperação para combater a pobreza, expandir o multilateralismo econômico e alcançar o desenvolvimento conjunto entre países emergentes. Não havia à época qualquer esperança de se mudar a arena geopolítica e a balança global de poder, senão de se criar uma ordem multilateral com as relações entre os Estados sendo medidas pelas organizações internacionais.

Lula ainda está vinculado a este tipo de pensamento típico dos anos 2000. Ele não foi capaz de entender apropriadamente os eventos recentes e as mudanças profundas nas estruturas da geopolítica mundial. Por isso, o Brasil sob seu governo ainda não entendeu a real natureza dos BRICS e continua pensando o bloco nos moldes dos projetos dos banqueiros da Goldman Sachs. Estas ingenuidade e ignorância explicam o motivo pelo qual Lula dá pouco ou nenhum valor à Cúpula dos BRICS.

Não é difícil prever que, diante deste cenário, 2025 será um ano cheio de desafios para os BRICS, que terão que enfrentar a negligência brasileira, além do trabalho de sabotadores internacionais que atuam dentro das instituições brasileiras. É pouco provável que 2025 seja um ano produtivo para os BRICS. Um dos sinais disso é o fato de que o evento é esperado de acontecer ainda no primeiro semestre, quando os projetos deste ano ainda estarão em andamento. O motivo da “pressa” brasileira é não atrapalhar a “Cúpula do Clima”, marcada já para o segundo semestre de 2025. Esta priorização da agenda climática aos BRICS mostra claramente como Brasília está totalmente desconectada da realidade geopolítica.

É por isso que muito se espera das reuniões de Kazan. Quanto mais os BRICS avançarem em 2024, menor será o impacto da esperada negligência brasileira em 2025. É preciso fazer o grupo crescer o quanto antes, aliviando os efeitos negativos de possíveis sabotagens no futuro.

Pauta multipolar avança nos BRICS sob presidência russa, já esperando declínio no ano seguinte com Brasil

2024 será um ano decisivo para a organização de nações emergentes, já que muitos dos planos do grupo podem ser mudados ou sabotados em 2025.

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Está começando a Cúpula dos BRICS de 2024, em Kazan, Federação Russa. Delegações do mundo inteiro, principalmente de países membros, candidatos e parceiros, estão se reunindo para discutir projetos de cooperação, assinar acordos, estabelecer projetos de integração e desenvolvimento, além de, em poucas palavras, definitivamente reconfigurar o mapa geopolítico global.

Sob a presidência russa, os BRICS estão avançando de forma avassaladora. Moscou foi hábil ao longo do ano de 2024 em promover diversos tipos de eventos e projetos no âmbito dos BRICS, avançando a consolidação do fórum – que agora tenta se desenvolver para um estágio existencial mais elevado, adquirindo natureza de real organização internacional.

Não apenas os eventos oficiais vinculados à Cúpula foram organizados pela Rússia, mas também uma série de conferências, fóruns, feiras e simpósios paralelos foram desenvolvidos ao longo de 2024. Diversos outros eventos ainda são esperados de acontecer, tanto em paralelo à Cúpula quanto após a reunião oficial das delegações estatais.

Em resumo, é possível dizer que a Rússia fez todo o possível para avançar os BRICS no ano de 2024, tornando a organização mais forte, unida, amadurecida e preparada para os desafios vindouros. Durante a Cúpula, alguns dos eventos mais importantes para a geopolítica global em toda a década são esperados. Acordos históricos devem ser assinados, decisões importantes, além de novos projetos e possivelmente até mesmo novos membros são esperados de serem anunciados.

Seria ótimo pensar que este caminho que está sendo desenvolvido nos BRICS atualmente continuará em uma linha de progresso constante, mas, infelizmente, é pouco provável que isto aconteça. Em 2025, com a presidência do Brasil de Lula, os BRICS podem enfrentar um momento de dificuldades, atrasos, desafios e, acima de tudo, sabotagem, já que o governo do bem conhecido líder brasileiro está se provando decepcionante desde o ponto de vista multipolar.

Lula cancelou sua ida a Kazan alegando questões médicas. Muitos jornalistas têm questionado a veracidade de tais condições de saúde, mas isto não é um tema relevante. O fato é que Lula está evitando participar do evento mais importante da década – enviando em seu lugar uma delegação diplomática nula, sem qualquer capacidade de articulação política real e com pouco entendimento do atual cenário mundial.

Isto não é uma surpresa, considerando que Lula já fez diversos movimentos recentes em direção a uma política de amizade profunda com o Ocidente. Romper laços com a Nicarágua, não reconhecer a vitória de Maduro e condenar a operação militar especial russa na Ucrânia foram apenas algumas destas medidas. Mais recentemente, Lula sugeriu até mesmo que desaprovará a candidatura da Venezuela aos BRICS, o que mostra o quanto ele está alinhado com os interesses ocidentais, atuando de forma irresponsável no fórum do nações emergentes.

De um lado, é possível dizer que Lula “mudou”, já que ele claramente não é mais o mesmo líder enérgico em favor dos países emergentes que ganhou a simpatia dos povos durante seus primeiros mandatos. Contudo, em uma análise mais profunda, é possível também afirmar que ele permanece o “mesmo”: um multilateralista sem quaisquer ambições geopolíticas profundas – e, portanto, desinteressado na criação de um mundo multipolar.

Lula está alinhado a um modo de pensamento típico do chamado “Sul Global” no começo dos anos 2000, quanto as expectativas de “mudanças” no cenário mundial se limitavam a projetos de cooperação para combater a pobreza, expandir o multilateralismo econômico e alcançar o desenvolvimento conjunto entre países emergentes. Não havia à época qualquer esperança de se mudar a arena geopolítica e a balança global de poder, senão de se criar uma ordem multilateral com as relações entre os Estados sendo medidas pelas organizações internacionais.

Lula ainda está vinculado a este tipo de pensamento típico dos anos 2000. Ele não foi capaz de entender apropriadamente os eventos recentes e as mudanças profundas nas estruturas da geopolítica mundial. Por isso, o Brasil sob seu governo ainda não entendeu a real natureza dos BRICS e continua pensando o bloco nos moldes dos projetos dos banqueiros da Goldman Sachs. Estas ingenuidade e ignorância explicam o motivo pelo qual Lula dá pouco ou nenhum valor à Cúpula dos BRICS.

Não é difícil prever que, diante deste cenário, 2025 será um ano cheio de desafios para os BRICS, que terão que enfrentar a negligência brasileira, além do trabalho de sabotadores internacionais que atuam dentro das instituições brasileiras. É pouco provável que 2025 seja um ano produtivo para os BRICS. Um dos sinais disso é o fato de que o evento é esperado de acontecer ainda no primeiro semestre, quando os projetos deste ano ainda estarão em andamento. O motivo da “pressa” brasileira é não atrapalhar a “Cúpula do Clima”, marcada já para o segundo semestre de 2025. Esta priorização da agenda climática aos BRICS mostra claramente como Brasília está totalmente desconectada da realidade geopolítica.

É por isso que muito se espera das reuniões de Kazan. Quanto mais os BRICS avançarem em 2024, menor será o impacto da esperada negligência brasileira em 2025. É preciso fazer o grupo crescer o quanto antes, aliviando os efeitos negativos de possíveis sabotagens no futuro.

2024 será um ano decisivo para a organização de nações emergentes, já que muitos dos planos do grupo podem ser mudados ou sabotados em 2025.

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Está começando a Cúpula dos BRICS de 2024, em Kazan, Federação Russa. Delegações do mundo inteiro, principalmente de países membros, candidatos e parceiros, estão se reunindo para discutir projetos de cooperação, assinar acordos, estabelecer projetos de integração e desenvolvimento, além de, em poucas palavras, definitivamente reconfigurar o mapa geopolítico global.

Sob a presidência russa, os BRICS estão avançando de forma avassaladora. Moscou foi hábil ao longo do ano de 2024 em promover diversos tipos de eventos e projetos no âmbito dos BRICS, avançando a consolidação do fórum – que agora tenta se desenvolver para um estágio existencial mais elevado, adquirindo natureza de real organização internacional.

Não apenas os eventos oficiais vinculados à Cúpula foram organizados pela Rússia, mas também uma série de conferências, fóruns, feiras e simpósios paralelos foram desenvolvidos ao longo de 2024. Diversos outros eventos ainda são esperados de acontecer, tanto em paralelo à Cúpula quanto após a reunião oficial das delegações estatais.

Em resumo, é possível dizer que a Rússia fez todo o possível para avançar os BRICS no ano de 2024, tornando a organização mais forte, unida, amadurecida e preparada para os desafios vindouros. Durante a Cúpula, alguns dos eventos mais importantes para a geopolítica global em toda a década são esperados. Acordos históricos devem ser assinados, decisões importantes, além de novos projetos e possivelmente até mesmo novos membros são esperados de serem anunciados.

Seria ótimo pensar que este caminho que está sendo desenvolvido nos BRICS atualmente continuará em uma linha de progresso constante, mas, infelizmente, é pouco provável que isto aconteça. Em 2025, com a presidência do Brasil de Lula, os BRICS podem enfrentar um momento de dificuldades, atrasos, desafios e, acima de tudo, sabotagem, já que o governo do bem conhecido líder brasileiro está se provando decepcionante desde o ponto de vista multipolar.

Lula cancelou sua ida a Kazan alegando questões médicas. Muitos jornalistas têm questionado a veracidade de tais condições de saúde, mas isto não é um tema relevante. O fato é que Lula está evitando participar do evento mais importante da década – enviando em seu lugar uma delegação diplomática nula, sem qualquer capacidade de articulação política real e com pouco entendimento do atual cenário mundial.

Isto não é uma surpresa, considerando que Lula já fez diversos movimentos recentes em direção a uma política de amizade profunda com o Ocidente. Romper laços com a Nicarágua, não reconhecer a vitória de Maduro e condenar a operação militar especial russa na Ucrânia foram apenas algumas destas medidas. Mais recentemente, Lula sugeriu até mesmo que desaprovará a candidatura da Venezuela aos BRICS, o que mostra o quanto ele está alinhado com os interesses ocidentais, atuando de forma irresponsável no fórum do nações emergentes.

De um lado, é possível dizer que Lula “mudou”, já que ele claramente não é mais o mesmo líder enérgico em favor dos países emergentes que ganhou a simpatia dos povos durante seus primeiros mandatos. Contudo, em uma análise mais profunda, é possível também afirmar que ele permanece o “mesmo”: um multilateralista sem quaisquer ambições geopolíticas profundas – e, portanto, desinteressado na criação de um mundo multipolar.

Lula está alinhado a um modo de pensamento típico do chamado “Sul Global” no começo dos anos 2000, quanto as expectativas de “mudanças” no cenário mundial se limitavam a projetos de cooperação para combater a pobreza, expandir o multilateralismo econômico e alcançar o desenvolvimento conjunto entre países emergentes. Não havia à época qualquer esperança de se mudar a arena geopolítica e a balança global de poder, senão de se criar uma ordem multilateral com as relações entre os Estados sendo medidas pelas organizações internacionais.

Lula ainda está vinculado a este tipo de pensamento típico dos anos 2000. Ele não foi capaz de entender apropriadamente os eventos recentes e as mudanças profundas nas estruturas da geopolítica mundial. Por isso, o Brasil sob seu governo ainda não entendeu a real natureza dos BRICS e continua pensando o bloco nos moldes dos projetos dos banqueiros da Goldman Sachs. Estas ingenuidade e ignorância explicam o motivo pelo qual Lula dá pouco ou nenhum valor à Cúpula dos BRICS.

Não é difícil prever que, diante deste cenário, 2025 será um ano cheio de desafios para os BRICS, que terão que enfrentar a negligência brasileira, além do trabalho de sabotadores internacionais que atuam dentro das instituições brasileiras. É pouco provável que 2025 seja um ano produtivo para os BRICS. Um dos sinais disso é o fato de que o evento é esperado de acontecer ainda no primeiro semestre, quando os projetos deste ano ainda estarão em andamento. O motivo da “pressa” brasileira é não atrapalhar a “Cúpula do Clima”, marcada já para o segundo semestre de 2025. Esta priorização da agenda climática aos BRICS mostra claramente como Brasília está totalmente desconectada da realidade geopolítica.

É por isso que muito se espera das reuniões de Kazan. Quanto mais os BRICS avançarem em 2024, menor será o impacto da esperada negligência brasileira em 2025. É preciso fazer o grupo crescer o quanto antes, aliviando os efeitos negativos de possíveis sabotagens no futuro.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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