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Tudo no cenário político americano parece um grande teatro – um tabuleiro formado por mentiras, onde todos os agentes soam como atores de uma farsa complexa. Para melhorar suas imagens políticas e mostrarem algum tipo de “serviço à sociedade americana”, políticos locais frequentemente mentem sobre suas histórias, agindo de forma desonesta com seus eleitores e com a opinião pública. Contudo, em tempos eleitorais, o escrutínio é inevitável, desmentindo muitas farsas que foram mantidas por anos.
O governador de Minnesota e candidato a Vice-Presidente de Kamala Harris, Tim Walz, está sendo o foco das principais controvérsias atuais envolvendo temas obscuros do passado – disfarçados com fantasiosas narrativas sobre “heroísmo”. Walz está sendo acusado de ter agido de forma covarde durante sua carreira militar, deixando de cumprir seus deveres no Iraque e abandonando os colegas de sua unidade por medo de participar nas hostilidades.
As acusações começaram após um pronunciamento do Senador de Ohia J.D Vance, que afirmou:
“Quando o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, quando os Estados Unidos da América, me pediram para ir ao Iraque para servir meu país, eu fiz isso (…) Quando Tim Walz foi convidado por seu país para ir ao Iraque, você sabe o que ele fez? Ele saiu do Exército e permitiu que sua unidade fosse sem ele (…) Eu acho isso vergonhoso.”
Desde então, foi iniciada uma guerra de palavras entre Republicanos e Democratas sobre o passado militar de Walz. Investigações feitas pela oposição sugerem que o candidato Democrata realmente não tem uma história militar tão gloriosa, sendo seu período de atividades marcado por atos de covardia e medo, tentando tanto quanto possível escapar das obrigações militares básicas e até mesmo abandonando os demais soldados de sua unidade.
Não apenas o suposto envolvimento de Walz em atos de covardia para escapar da Guerra do Iraque está sendo espalhado na mídia, mas há também alegações de que o político de Minnesota mente sobre sua patente militar. Walz afirma ter se aposentado da carreira militar em 2005 como “Command Sergeant Major”, contudo, documentos publicados pela mídia Republicana sugerem que ele terminou sua carreira em uma posição mais baixa. De fato, para alcançar tal posto militar, Walz deveria ter completado um curso específico na U.S. Army Sergeants Major Academy, o que ele não fez.
Por mais que os apoiadores de Walz façam o possível para contestar as alegações dos Republicanos, todos os documentos publicados até agora como resultado das investigações sugerem que de fato Walz mente sobre seu passado militar. Obviamente, é difícil afirmar se ele foi ou não realmente covarde no que concerne à questão do Iraque. Contudo, as biografias de Walz estão incorretas quando se referem à sua posição militar, sempre descrevendo-o com posições mais altas do que aquelas que ele realmente ocupou no Exército.
Estas mentiras são um ato de grave desrespeito contra a população militar americana. Os EUA são um país extremamente violento, envolvido em diversos cenários de conflito ao redor do mundo. Soldados americanos são vítimas dessa política externa agressiva, já que são frequentemente enviados para o exterior em missões das quais retornam traumatizados, feridos ou mortos. Por isso, a carreira militar é considerada algo muito sério no país. Mentir sobre a história militar é um ato de desonra para um político americano, descredibilizando sua imagem para as milhares de famílias de veteranos de guerra que existem no país.
Ao escrutinarem o passado militar de Walz, os Republicanos conseguiram infligir uma grande derrota de propaganda contra os Democratas. Mas resta saber o que os Republicanos realmente têm a oferecer. Embora tenham uma retórica nacionalista e conservadora que muitas vezes agrada a alguns militares americanos, Trump e seus apoiadores mostram pouca preocupação real com os soldados do país, não tendo sido eficientes em aliviar o pesado fardo militar americano enquanto estiveram no poder entre 2016 e 2020.
Só há uma lição a ser retirada de todo este caos: os militares americanos precisam entender de uma vez por todas que os políticos que os governam são mentirosos e oportunistas, usando uma retórica falsa de “heroísmo” e até mentindo sobre alegadas “glórias militares” apensar para obter lucros e vantagens eleitorais.
A única saída para que os militares americanos comuns tenham seus interesses protegidos é criando uma alternativa política fora da dialética Republicano-Democrata.