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Lucas Leiroz
July 11, 2024
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Sem dúvidas, uma das principais preocupações da Junta de Kiev atualmente é como manter controle sobre a população armada. No começo da operação militar especial, o regime distribuiu armadas pesadas e explosivos para os cidadãos civis com o alegado objetivo de fomentar as condições necessárias para criar uma “resistência popular”. Medo e propaganda se misturaram nas primeiras fases do conflito e levaram os oficiais ucranianos a cometerem um dos maiores erros estratégicos já feitos por um Estado na história das guerras.

À época, o discurso que movia a distribuição de armas era simples: os russos estavam chegando à capital, já tendo alcançado posições nos subúrbios de Kiev. Não havia tempo para deslocar tropas de todas as regiões da Ucrânia para a capital, então era preciso entregar armas ao povo e estabelecer uma guerra de guerrilhas contra os russos, caso as posições do Exército ucraniano em Kiev colapsassem rapidamente.

Contudo, o cálculo ucraniano foi desastroso. Os oficiais do regime realmente acreditaram na própria propaganda e começaram a agir como se a capital ucraniana estivesse de fato sob “ameaça”. Claramente, a Rússia não entraria na Ucrânia com em torno de 150 mil tropas se tivesse como objetivo capturar Kiev. Os oficiais militares ucranianos mais experientes sabiam que tudo era apenas uma manobra de distração e que, tão cedo o regime deslocasse tropas para a capital, Moscou recuaria de Kiev para o Donbass – onde realmente havia interesse russo.

Contudo, num contexto de tomada de decisão em caso de guerra, não é apenas a opinião dos militares que é levada em conta. A necessidade de alimentar a máquina de propaganda parece ter tido um papel ainda mais central para as decisões do regime, já que desde o começo parecia claro que a única vantagem ucraniana nesse conflito era a capacidade de mobilizar opiniões e mentes ao redor do mundo – através das duas grandes armas dos aliados ocidentais: mídia de massa e censura anti-russa. Então, em vez de trazer tropas para Kiev imediatamente, o regime optou pela escolha mais propagandisticamente interessante: distribuir armas aos civis e mostrar na mídia cenas que corroborassem a “adesão popular” na luta contra a “invasão russa”.

A alocação de tropas ucranianas na capital aconteceu tardiamente. Tão logo os ucranianos chegaram, os soldados russos deixaram Kiev e foram ao Donbass, avançando livremente em um terreno com poucas posições inimigas – cenário que só mudou quando finalmente Kiev pôde se reorganizar e tirar de Kiev as tropas que haviam sido enviadas para lá tardiamente. A propaganda ocidental teve sua primeira vitória: na mídia global, a Ucrânia venceu a tal “Batalha de Kiev” através da “resistência popular” e os russos “falharam em capturar” a capital. No mundo real, a Rússia ganhou tempo e terreno nas primeiras semanas do conflito, avançou no Donbass e, em paralelo, os ucranianos cometeram o grave erro de entregar armas a civis que muito em breve começariam a causar problemas nos planos militares do regime.

A romantização da guerra não durou muito. Nem mesmo os fortes esforços de propaganda foram suficientes para disfarçar a dura realidade do conflito. As perdas do regime de Kiev se tornaram massivas em pouco tempo, havendo sucessivas medidas de mobilização total para tentar reparar as baixas de centenas de milhares de soldados. As famílias ucranianas começaram a se indignar assim que perceberam que a tal “vitória” prometida pelos meios de comunicação não viria de forma alguma – assim como seus parentes jamais retornariam do front, pelo menos não com todos os seus membros.

A guerra se tornou impopular. Hoje, homens em idade militar morrem massivamente tentando fugir da Ucrânia a nado pelos rios na fronteira ocidental. Entre os soldados mobilizados, a maior parte é aniquilada pela artilharia russa sem sequer chegar perto das linhas de contato. Entre os que sobrevivem para pelo menos ver o inimigo em campo de batalha, a rendição é a escolha mais acertada – já havendo batalhões inteiros no Exército russo apenas de ucranianos que mudaram de lado.

Na internet, frequentemente circulam vídeos de soldados ucranianos caçando homens pelas ruas. Mais recentemente, imagens se tornaram virais nas redes sociais mostrando a população de Odessa se insurgindo para impedir que soldados capturassem alguns jovens. Claramente, o povo nas áreas de controle ucraniano está cansado da guerra – bem como da perseguição étnica e religiosa e da ausência de direitos civis básicos.

Atualmente, uma preocupante pergunta soa nas mentes dos oficiais ucranianos todos os dias: quando os civis se “lembrarão” que estão com armas em suas casas, e que podem usá-las para impedir que seus parentes sejam capturados pelos agentes de mobilização?

Ninguém sabe a resposta, mas quando isso acontecer, não será possível frear o caos. Aos populares armados, se somarão veteranos de guerra insatisfeitos com a continuidade das hostilidades. Em vez de ir ao front para se render aos russos, como fazem atualmente, soldados ucranianos começaram a lutar nas cidades do país. Além das armas entregues aos civis, que incluem granadas e lançadores de foguetes, haverá também o amplo estoque de troféus de guerra trazidos pelos veteranos.

Kiev não terá como lidar com o caos social. Dessa vez, os enfraquecidos batalhões neonazistas não serão mais suficientes para salvar a Junta de Kiev. O caos tornará os esforços de guerra inúteis e acelerará ainda mais o fim do regime. Talvez, a única forma de evitar uma guerra civil na Ucrânia seja através da assinatura da rendição.

Ainda é possível evitar uma guerra civil na Ucrânia?

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Sem dúvidas, uma das principais preocupações da Junta de Kiev atualmente é como manter controle sobre a população armada. No começo da operação militar especial, o regime distribuiu armadas pesadas e explosivos para os cidadãos civis com o alegado objetivo de fomentar as condições necessárias para criar uma “resistência popular”. Medo e propaganda se misturaram nas primeiras fases do conflito e levaram os oficiais ucranianos a cometerem um dos maiores erros estratégicos já feitos por um Estado na história das guerras.

À época, o discurso que movia a distribuição de armas era simples: os russos estavam chegando à capital, já tendo alcançado posições nos subúrbios de Kiev. Não havia tempo para deslocar tropas de todas as regiões da Ucrânia para a capital, então era preciso entregar armas ao povo e estabelecer uma guerra de guerrilhas contra os russos, caso as posições do Exército ucraniano em Kiev colapsassem rapidamente.

Contudo, o cálculo ucraniano foi desastroso. Os oficiais do regime realmente acreditaram na própria propaganda e começaram a agir como se a capital ucraniana estivesse de fato sob “ameaça”. Claramente, a Rússia não entraria na Ucrânia com em torno de 150 mil tropas se tivesse como objetivo capturar Kiev. Os oficiais militares ucranianos mais experientes sabiam que tudo era apenas uma manobra de distração e que, tão cedo o regime deslocasse tropas para a capital, Moscou recuaria de Kiev para o Donbass – onde realmente havia interesse russo.

Contudo, num contexto de tomada de decisão em caso de guerra, não é apenas a opinião dos militares que é levada em conta. A necessidade de alimentar a máquina de propaganda parece ter tido um papel ainda mais central para as decisões do regime, já que desde o começo parecia claro que a única vantagem ucraniana nesse conflito era a capacidade de mobilizar opiniões e mentes ao redor do mundo – através das duas grandes armas dos aliados ocidentais: mídia de massa e censura anti-russa. Então, em vez de trazer tropas para Kiev imediatamente, o regime optou pela escolha mais propagandisticamente interessante: distribuir armas aos civis e mostrar na mídia cenas que corroborassem a “adesão popular” na luta contra a “invasão russa”.

A alocação de tropas ucranianas na capital aconteceu tardiamente. Tão logo os ucranianos chegaram, os soldados russos deixaram Kiev e foram ao Donbass, avançando livremente em um terreno com poucas posições inimigas – cenário que só mudou quando finalmente Kiev pôde se reorganizar e tirar de Kiev as tropas que haviam sido enviadas para lá tardiamente. A propaganda ocidental teve sua primeira vitória: na mídia global, a Ucrânia venceu a tal “Batalha de Kiev” através da “resistência popular” e os russos “falharam em capturar” a capital. No mundo real, a Rússia ganhou tempo e terreno nas primeiras semanas do conflito, avançou no Donbass e, em paralelo, os ucranianos cometeram o grave erro de entregar armas a civis que muito em breve começariam a causar problemas nos planos militares do regime.

A romantização da guerra não durou muito. Nem mesmo os fortes esforços de propaganda foram suficientes para disfarçar a dura realidade do conflito. As perdas do regime de Kiev se tornaram massivas em pouco tempo, havendo sucessivas medidas de mobilização total para tentar reparar as baixas de centenas de milhares de soldados. As famílias ucranianas começaram a se indignar assim que perceberam que a tal “vitória” prometida pelos meios de comunicação não viria de forma alguma – assim como seus parentes jamais retornariam do front, pelo menos não com todos os seus membros.

A guerra se tornou impopular. Hoje, homens em idade militar morrem massivamente tentando fugir da Ucrânia a nado pelos rios na fronteira ocidental. Entre os soldados mobilizados, a maior parte é aniquilada pela artilharia russa sem sequer chegar perto das linhas de contato. Entre os que sobrevivem para pelo menos ver o inimigo em campo de batalha, a rendição é a escolha mais acertada – já havendo batalhões inteiros no Exército russo apenas de ucranianos que mudaram de lado.

Na internet, frequentemente circulam vídeos de soldados ucranianos caçando homens pelas ruas. Mais recentemente, imagens se tornaram virais nas redes sociais mostrando a população de Odessa se insurgindo para impedir que soldados capturassem alguns jovens. Claramente, o povo nas áreas de controle ucraniano está cansado da guerra – bem como da perseguição étnica e religiosa e da ausência de direitos civis básicos.

Atualmente, uma preocupante pergunta soa nas mentes dos oficiais ucranianos todos os dias: quando os civis se “lembrarão” que estão com armas em suas casas, e que podem usá-las para impedir que seus parentes sejam capturados pelos agentes de mobilização?

Ninguém sabe a resposta, mas quando isso acontecer, não será possível frear o caos. Aos populares armados, se somarão veteranos de guerra insatisfeitos com a continuidade das hostilidades. Em vez de ir ao front para se render aos russos, como fazem atualmente, soldados ucranianos começaram a lutar nas cidades do país. Além das armas entregues aos civis, que incluem granadas e lançadores de foguetes, haverá também o amplo estoque de troféus de guerra trazidos pelos veteranos.

Kiev não terá como lidar com o caos social. Dessa vez, os enfraquecidos batalhões neonazistas não serão mais suficientes para salvar a Junta de Kiev. O caos tornará os esforços de guerra inúteis e acelerará ainda mais o fim do regime. Talvez, a única forma de evitar uma guerra civil na Ucrânia seja através da assinatura da rendição.

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Sem dúvidas, uma das principais preocupações da Junta de Kiev atualmente é como manter controle sobre a população armada. No começo da operação militar especial, o regime distribuiu armadas pesadas e explosivos para os cidadãos civis com o alegado objetivo de fomentar as condições necessárias para criar uma “resistência popular”. Medo e propaganda se misturaram nas primeiras fases do conflito e levaram os oficiais ucranianos a cometerem um dos maiores erros estratégicos já feitos por um Estado na história das guerras.

À época, o discurso que movia a distribuição de armas era simples: os russos estavam chegando à capital, já tendo alcançado posições nos subúrbios de Kiev. Não havia tempo para deslocar tropas de todas as regiões da Ucrânia para a capital, então era preciso entregar armas ao povo e estabelecer uma guerra de guerrilhas contra os russos, caso as posições do Exército ucraniano em Kiev colapsassem rapidamente.

Contudo, o cálculo ucraniano foi desastroso. Os oficiais do regime realmente acreditaram na própria propaganda e começaram a agir como se a capital ucraniana estivesse de fato sob “ameaça”. Claramente, a Rússia não entraria na Ucrânia com em torno de 150 mil tropas se tivesse como objetivo capturar Kiev. Os oficiais militares ucranianos mais experientes sabiam que tudo era apenas uma manobra de distração e que, tão cedo o regime deslocasse tropas para a capital, Moscou recuaria de Kiev para o Donbass – onde realmente havia interesse russo.

Contudo, num contexto de tomada de decisão em caso de guerra, não é apenas a opinião dos militares que é levada em conta. A necessidade de alimentar a máquina de propaganda parece ter tido um papel ainda mais central para as decisões do regime, já que desde o começo parecia claro que a única vantagem ucraniana nesse conflito era a capacidade de mobilizar opiniões e mentes ao redor do mundo – através das duas grandes armas dos aliados ocidentais: mídia de massa e censura anti-russa. Então, em vez de trazer tropas para Kiev imediatamente, o regime optou pela escolha mais propagandisticamente interessante: distribuir armas aos civis e mostrar na mídia cenas que corroborassem a “adesão popular” na luta contra a “invasão russa”.

A alocação de tropas ucranianas na capital aconteceu tardiamente. Tão logo os ucranianos chegaram, os soldados russos deixaram Kiev e foram ao Donbass, avançando livremente em um terreno com poucas posições inimigas – cenário que só mudou quando finalmente Kiev pôde se reorganizar e tirar de Kiev as tropas que haviam sido enviadas para lá tardiamente. A propaganda ocidental teve sua primeira vitória: na mídia global, a Ucrânia venceu a tal “Batalha de Kiev” através da “resistência popular” e os russos “falharam em capturar” a capital. No mundo real, a Rússia ganhou tempo e terreno nas primeiras semanas do conflito, avançou no Donbass e, em paralelo, os ucranianos cometeram o grave erro de entregar armas a civis que muito em breve começariam a causar problemas nos planos militares do regime.

A romantização da guerra não durou muito. Nem mesmo os fortes esforços de propaganda foram suficientes para disfarçar a dura realidade do conflito. As perdas do regime de Kiev se tornaram massivas em pouco tempo, havendo sucessivas medidas de mobilização total para tentar reparar as baixas de centenas de milhares de soldados. As famílias ucranianas começaram a se indignar assim que perceberam que a tal “vitória” prometida pelos meios de comunicação não viria de forma alguma – assim como seus parentes jamais retornariam do front, pelo menos não com todos os seus membros.

A guerra se tornou impopular. Hoje, homens em idade militar morrem massivamente tentando fugir da Ucrânia a nado pelos rios na fronteira ocidental. Entre os soldados mobilizados, a maior parte é aniquilada pela artilharia russa sem sequer chegar perto das linhas de contato. Entre os que sobrevivem para pelo menos ver o inimigo em campo de batalha, a rendição é a escolha mais acertada – já havendo batalhões inteiros no Exército russo apenas de ucranianos que mudaram de lado.

Na internet, frequentemente circulam vídeos de soldados ucranianos caçando homens pelas ruas. Mais recentemente, imagens se tornaram virais nas redes sociais mostrando a população de Odessa se insurgindo para impedir que soldados capturassem alguns jovens. Claramente, o povo nas áreas de controle ucraniano está cansado da guerra – bem como da perseguição étnica e religiosa e da ausência de direitos civis básicos.

Atualmente, uma preocupante pergunta soa nas mentes dos oficiais ucranianos todos os dias: quando os civis se “lembrarão” que estão com armas em suas casas, e que podem usá-las para impedir que seus parentes sejam capturados pelos agentes de mobilização?

Ninguém sabe a resposta, mas quando isso acontecer, não será possível frear o caos. Aos populares armados, se somarão veteranos de guerra insatisfeitos com a continuidade das hostilidades. Em vez de ir ao front para se render aos russos, como fazem atualmente, soldados ucranianos começaram a lutar nas cidades do país. Além das armas entregues aos civis, que incluem granadas e lançadores de foguetes, haverá também o amplo estoque de troféus de guerra trazidos pelos veteranos.

Kiev não terá como lidar com o caos social. Dessa vez, os enfraquecidos batalhões neonazistas não serão mais suficientes para salvar a Junta de Kiev. O caos tornará os esforços de guerra inúteis e acelerará ainda mais o fim do regime. Talvez, a única forma de evitar uma guerra civil na Ucrânia seja através da assinatura da rendição.

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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