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Um dos principais temas abordados pela propaganda do imperialismo americano contra a República Popular Democrática da Coreia é o “culto à personalidade” dos líderes do país. Diz-se que a “ditadura” impõe uma veneração maníaca a Kim Il Sung, Kim Jong Il e Kim Jong Un e que o povo é obrigado a tratá-los como divindades.
Bem, é possível que haja uma doutrinação estatal sobre o povo nesse sentido. Mas, por outro lado, não me parece que os coreanos do norte idolatrem seus líderes por pura coerção e medo de serem punidos caso fujam às normas. A devoção aos fundadores e construtores da moderna nação norte-coreana parece algo mais natural do que artificial.
Um coreano me disse que a hierarquia da sociedade põe em primeiro lugar o pai, em segundo a mãe, em terceiro o professor e em quarto lugar de importância o chefe. Levando em conta que o sistema político da RPDC tem como condutor o Partido do Trabalho, que é o partido que guia a vida política do país e que organiza toda a classe operária e demais camadas populares, e considerando que o líder do Partido é o líder da nação – e portanto do proletariado e de todas as classes –, torna-se natural que Kim Il Sung, Kim Jong Il e Kim Jong Un, líderes do Partido em cada época, sejam vistos como pais, professores e chefes da nação, enquanto o Partido é a mãe dos coreanos.
Isso tem uma tradição histórica milenar, característica que é compartilhada em maior ou menor grau com outras sociedades asiáticas. E que foi incorporada pelo sistema político, econômico e social da RPDC após a revolução de 1945. Não há como romper com uma tradição tão enraizada no povo do dia para a noite, e o que o Partido fez foi utilizar essa tradição para melhor organizar e conduzir a sociedade na construção do regime socialista.
Se entendermos isso, também fica mais fácil entender o porquê das estátuas, monumentos, estádios e outras construções em homenagem aos líderes. Mas há também um outro lado dessa devoção que não é abordado pela propaganda difamatória contra a Coreia, obviamente.
Trata-se do “culto à coletividade”. Sim, como uma sociedade de tipo socialista, embora detenha características próprias, a coreana logicamente está direcionada ao bem-estar da coletividade, com os meios de produção sendo de propriedade pública e a população participando ativamente da vida política do país através das organizações de massas, como o próprio PTC, ou as uniões da juventude, dos operários, dos camponeses, dos intelectuais, das mulheres e das demais categorias.
Assim, o que eu vi em muitos museus, praças, avenidas, estações de metrô, lojas de selos e outras instalações na Coreia Democrática foi uma homenagem às pessoas comuns, aos operários, camponeses, estudantes, cientistas, professores, soldados etc, para além do “culto à personalidade” dos líderes.
Montados sobre o mítico cavalo alado coreano estão um operário e uma camponesa, que completam a Estátua de Chollima, próxima ao centro de Pyongyang. As mãos operária, segurando um martelo, camponesa, erguendo uma foice, e intelectual, ostentando um pincel, formam o Monumento à Fundação do Partido. O operário, a camponesa e o intelectual também estão esculpidos, igualmente segurando seus instrumentos de trabalho, aos pés da Torre Juche. No mesmo complexo, à beira do Rio Taedong, há estátuas de mineiros e metalúrgicos, de soldados, anciãos e mulheres com seus filhos no colo, de camponesas com a colheita nos braços, de pequenos pioneiros. Os murais no metrô de Pyongyang retratam camponeses, operários, soldados, engenheiros, mães, pais de família, crianças, músicos em meio às fábricas, ferrovias e campos, simbolizando a construção do país. Nos dois pilares do Arco do Triunfo estão os operários, camponeses e soldados de bronze, comemorando a vitória contra os japoneses.
O próprio Monumento da Colina Mansu não é constituído apenas pelas enormes estátuas de Kim Il Sung e Kim Jong Il. Nele, estão esculpidos dezenas de lutadores pela libertação da Coreia do jugo japonês, como se estivessem em movimento, carregando os estandartes e bandeiras vermelhos em direção à vitória. À frente, um soldado ergue o Manifesto do Partido Comunista, simbolizando que aquela é uma revolução proletária e pelo fim da opressão do homem pelo homem.
A exposição das obras no Museu de Belas Artes de Pyongyang é composta por pinturas sobre a luta de libertação contra o Japão e não retrata apenas Kim Il Sung, mas também outros líderes do movimento de independência, além de, novamente, pessoas comuns da classe trabalhadora, camponeses e cientistas. A Corporação de Selos da Coreia produz e comercializa incontáveis modelos de selos e cartões postais com figuras de pessoas do povo, retratando camponeses ostentando uma vasta colheita, engenheiros com seus projetos e condecorações estatais, operários mineiros, metalúrgicos ou siderúrgicos em primeiro plano.
Mais importante do que isso são as retribuições materiais feitas pelo Estado a essas pessoas. Nos últimos anos ficaram famosas as inaugurações de enormes e modernos complexos residenciais, principalmente em Pyongyang, que muitas vezes são destinados a categorias específicas, como a Rua Mirae (composta de prédios residenciais para os cientistas), a Rua Ryomyong (para cientistas e professores), ou outras inauguradas recentemente para operários de fábricas ou famílias que perderam suas casas devido a enchentes ou outros desastres naturais. Também há, obviamente, os condomínios onde convivem pessoas de diferentes categorias de trabalho, como a Rua Jonwi, inaugurada no dia 14 de maio.
Monumentos aos trabalhadores e às pessoas comuns, e especialmente habitações modernas entregues gratuitamente a essas pessoas, são uma realidade que não existe nos países de onde vêm as acusações sobre o “culto à personalidade” na Coreia. Certamente os milhões de homens e mulheres cujos governos os abandonaram e os humilham diariamente com repressão policial, fome, desemprego e falta de moradia prefeririam esse “culto à personalidade” com obras para todo o povo do que a vida que lhes é imposta na pretensa “terra da liberdade” que são os países submetidos ao regime capitalista.