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Bruna Frascolla
July 24, 2024
© Photo: Public domain

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A mais recente falha da Microsoft trouxe à tona, outra vez, a diferença que há entre a segurança informática do mundo liberal e a dos países ex-comunistas. Países que dependiam do Windows tiveram problemas; países que tinham seu próprio sistema operacional baseado no GNU/Linux não tiveram problemas. Quem tiver um conhecimento de história dos sistemas operacionais não deixará de sorrir com essa ironia; afinal, o “Linux” é uma invenção estadunidense que ajuda Estados fortes a manterem a sua soberania.

Isso não é tão evidente porque, se você puser no Google “Linux”, vai descobrir que é a invenção de um finlandês de etnia sueca chamado Linus Torvalds, que passou a maior parte da vida na Finlândia e inventou o Linux lá mesmo, em 1991. Mas acontece que aquilo que se conhece vulgarmente como Linux é, na verdade, um sistema operacional baseado em GNU, uma criação coletiva liderada pelo programador quase anarquista Richard Stallman, um judeu étnico de Nova Iorque.

Vejamos bem: quando alguém diz “Fulano usa Linux”, nunca quer dizer, com isso, que Fulano usa um celular com o sistema operacional Android. No entanto, isto é verdade, porque o Android é um sistema operacional que usa o núcleo Linux. Todo sistema operacional precisa de um núcleo que ligue software a hardware. O que Linus Torvalds inventou foi um núcleo, não um sistema operacional completo. E nos EUA, Stallman e seus parceiros conseguiram fazer um sistema operacional ao qual faltava somente o núcleo.

Quando Stallman era jovem, quem fazia o hardware e o software era a IBM, uma empresa privada. Isso quer dizer que o código do sistema era um segredo comercial e propriedade intelectual. O que Stallman queria era fazer engenharia reversa para poder criar softwares livres, isto é, que jamais poderiam ser secretos, nem patenteados. Isso era especialmente importante e atraente para estudantes, mas tem suas óbvias implicações na segurança: como usar um computador com código fechado que é atualizado remotamente pelo dono do software?

À época, havia uma porção de sistemas operacionais privados. Stallman detestou a linguagem da IBM e escolheu o sistema Unix, que usava a linguagem C, por considerá-la a mais conveniente. O Unix foi criado originalmente para o Sistema Bell, a empresa de telecomunicações fundada por Graham Bell.

Assim, Stallman fundou em 1983 o Projeto GNU com esse fito de criar software livre. GNU significa “GNU Não é Unix”, e tem um gnu como símbolo. Em 1991, Linus Torvalds submete o núcleo dele à licença GNU, que deixa qualquer um conhecer, alterar e usar como bem entender, e o sistema operacional GNU fica pronto para ser instalado em computadores como uma alternativa aos sistemas operacionais das empresas. Mas, como qualquer um pode usar, o Google usa. Por isso o Android e o ChromeBook têm Linux em seus sistemas operacionais. O navegador Chrome, tão usado, é desenvolvido de maneira livre: o Google tem um navegador livre chamado Chromium, qualquer um pode estudar o código e aprimorá-lo, e então o Google pega o código elaborado de maneira livre e depois fecha – daí o Chrome, que é um software proprietário. Quem quiser, pode baixar o Chromium e testar.

Pois bem: por ser software livre, o GNU permite que programadores mundo afora criem sistemas operacionais baseados nele. Nem todo GNU precisa ser Linux; afinal, de 1991 para cá, foram criados outros núcleos livres. Vale destacar o BSD, desenvolvido pela Universidade de Berkeley, que é como se fosse um GNU paralelo, mas que não abria o código: também usava linguagem C e era baseado em Unix. Logo depois de Torvalds criar o núcleo Linux, o pessoal de Berkeley abriu o código deles. Por isso, é possível usar o núcleo FreeBSD em alguns sistemas operacionais GNU feitos para Linux, como o Debian. Aí tem-se um sistema livre. No entanto, como o GNU pode ser usado por qualquer um, a Apple chegou a criar um GNU que usa o núcleo Darwin, que é deles.

E em meio às muitas criações de sistemas operacionais, há uma série de estatais, dos quais destaco o Red Star OS, da Coreia do Norte, o Astra Linux, da Rússia, o Kylin, da China e o Maya OS da Índia. Dos BRICS, o Brasil e a África do Sul são os países que têm sua administração pública e suas grandes empresas à mercê da Microsoft.

Mas isto não é um mal ligado à pobreza. Ao contrário: os EUA, que desenvolveram todas as tecnologias possíveis que vieram a dar no GNU/Linux, também estão nas mãos da Microsoft. Como é possível uma coisa dessas?

Como podem os EUA, produtores de tanta tecnologia, seguir usando o Windows?

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A mais recente falha da Microsoft trouxe à tona, outra vez, a diferença que há entre a segurança informática do mundo liberal e a dos países ex-comunistas. Países que dependiam do Windows tiveram problemas; países que tinham seu próprio sistema operacional baseado no GNU/Linux não tiveram problemas. Quem tiver um conhecimento de história dos sistemas operacionais não deixará de sorrir com essa ironia; afinal, o “Linux” é uma invenção estadunidense que ajuda Estados fortes a manterem a sua soberania.

Isso não é tão evidente porque, se você puser no Google “Linux”, vai descobrir que é a invenção de um finlandês de etnia sueca chamado Linus Torvalds, que passou a maior parte da vida na Finlândia e inventou o Linux lá mesmo, em 1991. Mas acontece que aquilo que se conhece vulgarmente como Linux é, na verdade, um sistema operacional baseado em GNU, uma criação coletiva liderada pelo programador quase anarquista Richard Stallman, um judeu étnico de Nova Iorque.

Vejamos bem: quando alguém diz “Fulano usa Linux”, nunca quer dizer, com isso, que Fulano usa um celular com o sistema operacional Android. No entanto, isto é verdade, porque o Android é um sistema operacional que usa o núcleo Linux. Todo sistema operacional precisa de um núcleo que ligue software a hardware. O que Linus Torvalds inventou foi um núcleo, não um sistema operacional completo. E nos EUA, Stallman e seus parceiros conseguiram fazer um sistema operacional ao qual faltava somente o núcleo.

Quando Stallman era jovem, quem fazia o hardware e o software era a IBM, uma empresa privada. Isso quer dizer que o código do sistema era um segredo comercial e propriedade intelectual. O que Stallman queria era fazer engenharia reversa para poder criar softwares livres, isto é, que jamais poderiam ser secretos, nem patenteados. Isso era especialmente importante e atraente para estudantes, mas tem suas óbvias implicações na segurança: como usar um computador com código fechado que é atualizado remotamente pelo dono do software?

À época, havia uma porção de sistemas operacionais privados. Stallman detestou a linguagem da IBM e escolheu o sistema Unix, que usava a linguagem C, por considerá-la a mais conveniente. O Unix foi criado originalmente para o Sistema Bell, a empresa de telecomunicações fundada por Graham Bell.

Assim, Stallman fundou em 1983 o Projeto GNU com esse fito de criar software livre. GNU significa “GNU Não é Unix”, e tem um gnu como símbolo. Em 1991, Linus Torvalds submete o núcleo dele à licença GNU, que deixa qualquer um conhecer, alterar e usar como bem entender, e o sistema operacional GNU fica pronto para ser instalado em computadores como uma alternativa aos sistemas operacionais das empresas. Mas, como qualquer um pode usar, o Google usa. Por isso o Android e o ChromeBook têm Linux em seus sistemas operacionais. O navegador Chrome, tão usado, é desenvolvido de maneira livre: o Google tem um navegador livre chamado Chromium, qualquer um pode estudar o código e aprimorá-lo, e então o Google pega o código elaborado de maneira livre e depois fecha – daí o Chrome, que é um software proprietário. Quem quiser, pode baixar o Chromium e testar.

Pois bem: por ser software livre, o GNU permite que programadores mundo afora criem sistemas operacionais baseados nele. Nem todo GNU precisa ser Linux; afinal, de 1991 para cá, foram criados outros núcleos livres. Vale destacar o BSD, desenvolvido pela Universidade de Berkeley, que é como se fosse um GNU paralelo, mas que não abria o código: também usava linguagem C e era baseado em Unix. Logo depois de Torvalds criar o núcleo Linux, o pessoal de Berkeley abriu o código deles. Por isso, é possível usar o núcleo FreeBSD em alguns sistemas operacionais GNU feitos para Linux, como o Debian. Aí tem-se um sistema livre. No entanto, como o GNU pode ser usado por qualquer um, a Apple chegou a criar um GNU que usa o núcleo Darwin, que é deles.

E em meio às muitas criações de sistemas operacionais, há uma série de estatais, dos quais destaco o Red Star OS, da Coreia do Norte, o Astra Linux, da Rússia, o Kylin, da China e o Maya OS da Índia. Dos BRICS, o Brasil e a África do Sul são os países que têm sua administração pública e suas grandes empresas à mercê da Microsoft.

Mas isto não é um mal ligado à pobreza. Ao contrário: os EUA, que desenvolveram todas as tecnologias possíveis que vieram a dar no GNU/Linux, também estão nas mãos da Microsoft. Como é possível uma coisa dessas?

Escreva para nós: info@strategic-culture.su

A mais recente falha da Microsoft trouxe à tona, outra vez, a diferença que há entre a segurança informática do mundo liberal e a dos países ex-comunistas. Países que dependiam do Windows tiveram problemas; países que tinham seu próprio sistema operacional baseado no GNU/Linux não tiveram problemas. Quem tiver um conhecimento de história dos sistemas operacionais não deixará de sorrir com essa ironia; afinal, o “Linux” é uma invenção estadunidense que ajuda Estados fortes a manterem a sua soberania.

Isso não é tão evidente porque, se você puser no Google “Linux”, vai descobrir que é a invenção de um finlandês de etnia sueca chamado Linus Torvalds, que passou a maior parte da vida na Finlândia e inventou o Linux lá mesmo, em 1991. Mas acontece que aquilo que se conhece vulgarmente como Linux é, na verdade, um sistema operacional baseado em GNU, uma criação coletiva liderada pelo programador quase anarquista Richard Stallman, um judeu étnico de Nova Iorque.

Vejamos bem: quando alguém diz “Fulano usa Linux”, nunca quer dizer, com isso, que Fulano usa um celular com o sistema operacional Android. No entanto, isto é verdade, porque o Android é um sistema operacional que usa o núcleo Linux. Todo sistema operacional precisa de um núcleo que ligue software a hardware. O que Linus Torvalds inventou foi um núcleo, não um sistema operacional completo. E nos EUA, Stallman e seus parceiros conseguiram fazer um sistema operacional ao qual faltava somente o núcleo.

Quando Stallman era jovem, quem fazia o hardware e o software era a IBM, uma empresa privada. Isso quer dizer que o código do sistema era um segredo comercial e propriedade intelectual. O que Stallman queria era fazer engenharia reversa para poder criar softwares livres, isto é, que jamais poderiam ser secretos, nem patenteados. Isso era especialmente importante e atraente para estudantes, mas tem suas óbvias implicações na segurança: como usar um computador com código fechado que é atualizado remotamente pelo dono do software?

À época, havia uma porção de sistemas operacionais privados. Stallman detestou a linguagem da IBM e escolheu o sistema Unix, que usava a linguagem C, por considerá-la a mais conveniente. O Unix foi criado originalmente para o Sistema Bell, a empresa de telecomunicações fundada por Graham Bell.

Assim, Stallman fundou em 1983 o Projeto GNU com esse fito de criar software livre. GNU significa “GNU Não é Unix”, e tem um gnu como símbolo. Em 1991, Linus Torvalds submete o núcleo dele à licença GNU, que deixa qualquer um conhecer, alterar e usar como bem entender, e o sistema operacional GNU fica pronto para ser instalado em computadores como uma alternativa aos sistemas operacionais das empresas. Mas, como qualquer um pode usar, o Google usa. Por isso o Android e o ChromeBook têm Linux em seus sistemas operacionais. O navegador Chrome, tão usado, é desenvolvido de maneira livre: o Google tem um navegador livre chamado Chromium, qualquer um pode estudar o código e aprimorá-lo, e então o Google pega o código elaborado de maneira livre e depois fecha – daí o Chrome, que é um software proprietário. Quem quiser, pode baixar o Chromium e testar.

Pois bem: por ser software livre, o GNU permite que programadores mundo afora criem sistemas operacionais baseados nele. Nem todo GNU precisa ser Linux; afinal, de 1991 para cá, foram criados outros núcleos livres. Vale destacar o BSD, desenvolvido pela Universidade de Berkeley, que é como se fosse um GNU paralelo, mas que não abria o código: também usava linguagem C e era baseado em Unix. Logo depois de Torvalds criar o núcleo Linux, o pessoal de Berkeley abriu o código deles. Por isso, é possível usar o núcleo FreeBSD em alguns sistemas operacionais GNU feitos para Linux, como o Debian. Aí tem-se um sistema livre. No entanto, como o GNU pode ser usado por qualquer um, a Apple chegou a criar um GNU que usa o núcleo Darwin, que é deles.

E em meio às muitas criações de sistemas operacionais, há uma série de estatais, dos quais destaco o Red Star OS, da Coreia do Norte, o Astra Linux, da Rússia, o Kylin, da China e o Maya OS da Índia. Dos BRICS, o Brasil e a África do Sul são os países que têm sua administração pública e suas grandes empresas à mercê da Microsoft.

Mas isto não é um mal ligado à pobreza. Ao contrário: os EUA, que desenvolveram todas as tecnologias possíveis que vieram a dar no GNU/Linux, também estão nas mãos da Microsoft. Como é possível uma coisa dessas?

The views of individual contributors do not necessarily represent those of the Strategic Culture Foundation.

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