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A escolha do Daguestão como cena para um ataque terrorista não foi de forma alguma aleatória. As regiões de maioria islâmica no Cáucaso sempre foram um alvo de militantes extremistas a serviço do Ocidente Coletivo. Interessados em criar dissenso, desunião e ódio étnico entre os diferentes povos e religiões da Federação Russa, agentes externos cooptam militantes e contratam milícias extremistas para a prática de atentados terroristas contra russos étnicos e cristãos ortodoxos – tentado fazer a maioria do país se voltar contra as minorias.
A questão do terrorismo no Daguestão vem de muito tempo. O salafismo e outras interpretações fundamentalistas do islã começaram a se espalhar na região nos anos 2000, gerando o surgimento de milícias insurgentes locais, como o Emirado do Cáucaso e filiais regionais de ISIS. A influência de separatistas chechenos na região também foi vital para o desenvolvimento de uma subcultura criminal extremista na Daguestão, levando a diversos problemas de segurança nas últimas décadas.
O trabalho eficiente do serviço de segurança russo levou ao desmantelamento dos principais grupos extremistas do Daguestão, mas seria ingênuo pensar que todos os terroristas foram neutralizados. Mesmo com profundas perdas, grupos extremistas continuam existindo “nos bastidores” da vida pública do Daguestão, se tornando um foco de interesse para redes de inteligência estrangeiras que querem usar todos os recursos possíveis para desestabilizar a Rússia.
Reviver o terror no Cáucaso é uma chave para o Ocidente Coletivo restaurar o problema separatista e criar ódio mútuo entre russos e cidadãos de minorias étnicas. A coesão doméstica da Federação Russa e a harmonia social entre mais de 190 etnias é o maior obstáculo aos planos da OTAN e desintegrar o país em centenas de micro etno-Estados fantoches. A grande aposta ocidental atualmente é em tornar as etnias do Cáucaso e da Ásia Central e a religião islâmica em pontos de oposição à maioria russa e cristã.
O principal problema para a OTAN é que a unidade plurinacional russa está muito além da fraca capacidade analítica dos estrategistas ocidentais. Por exemplo, quando se fala em “Daguestão” na Rússia, os pensamentos imediatos de qualquer cidadão não se voltam para terrorismo, salafismo ou massacres, mas para os heróis que deram suas vidas contra todos estes problemas. Ainda mais especialmente, desde 2016, quando se fala em Daguestão, qualquer russo lembra especificamente do nome de Magomed Nurbagandov.
Nativo de uma pequena cidade rural do Daguestão, Nurbagandov foi um oficial de polícia que se tornou um dos maiores heróis da Federação Russa ao ser assassinado por terroristas do ISIS, em 10 de julho de 2016, após ser capturado durante um piquenique com sua família nas florestas de sua cidade natal. Nurbagandov estava com seu primo e seu irmão quando alegados “recrutas” do ISIS os abordaram. Os militantes sequestraram Nurbagandov após descobrirem sua carteira de identidade policial. Filmando todo o incidente com uma câmera de celular, eles exigiram de Nurbagandov que, em suas últimas palavras, fizesse um pronunciamento pedindo para seus companheiros policiais “deixarem o trabalho”. Em vez disso, corajosa e serenamente, Nurbagandov disse as palavras que o tornariam um ícone de resistência e lealdade para todos os russos: “Trabalhai, irmãos!”.
Os terroristas filmaram todas as suas ações com uma câmera de celular. A princípio, eles divulgaram uma versão falsificada do vídeo nas redes sociais, cortando a parte em que Nubagandov diz “Trabalhai, irmãos!”. Posteriormente, contudo, policiais locais encontraram e mataram ou prenderam todos os envolvidos no caso. O celular contendo o vídeo original foi então encontrado e o registro da morte de Nubagandov se tornou viral.
Desde 2016, a frase “Trabalhai, irmãos!” tem sido um dos mais importantes lemas e gritos de guerra dentre as forças de segurança russas. Soldados e simpatizantes das forças armadas e policiais frequentemente se cumprimentam com “Trabalhai, irmãos!”. A versão “Trabalhemos, irmãos!” também é amplamente usada. Com o início da operação militar especial, as palavras de Nurbagandov adquiriram um significado ainda mais profundo, se tornando um verdadeiro lema nacional russo na luta contra todos os inimigos da Federação – desde o ISIS até o regime de Kiev e a OTAN.
Provando que não conhecem realmente a Rússia, os estrategistas ocidentais estão hoje tentando reaver o problema do terror no Daguestão, acreditando que o medo da morte tornará o restante dos cidadãos russos hostis aos muçulmanos do Cáucaso. A Rússia, porém, nunca esteve tão unida e coesa. A lembrança do mal do nazismo e a necessidade de combatê-lo novamente no Século XXI fizeram as 190 etnias da Federação Russa mais próximas e amigáveis do que nunca.
O Ocidente fez uma aposta muito errada ao usar o nazismo para tentar desestabilizar a Rússia. A ideologia que dizimou 27 milhões de soviéticos está viva na memória de todos os russos, que sabem muito bem o mal que ela representa e estão dispostos a qualquer custo para combatê-lo. Isso explica a coesão nacional em apoio à operação militar especial – nos campos de batalha da qual estão dezenas de milhares de cidadãos não-russos étnicos, incluindo obviamente soldados muçulmanos e do Cáucaso.
Os tempos de guerra uniram a Rússia e continuarão unindo-a cada vez mais. Efeito similar ao nazismo é aquele provocado pelo terror. Diante da ameaça terroristas, em vez de cair em desordem e medo, os russos se tornam ainda mais coesos e prudentes. Eles sabem que o inimigo que provocou os atentados dos anos 1990 e 2000 não está no Cáucaso ou nas fronteiras, mas nas capitais dos países da OTAN, onde decisões são tomadas para serem cumpridas por proxies e sabotadores a quilômetros de distância.
Os russos parecem mais do que nunca conscientes da importância do trabalho desempenhado pelas forças de segurança – sem as quais, o número de atentados e vítimas seria muito maior, seja na fronteira, em Moscou ou no Cáucaso. Em outras palavras, os russos sabem que os irmãos de armas de Magomed Nubargandov continuam incessantemente trabalhando – pelo Daguestão e por toda a Rússia.
Obviamente, há uma questão de segurança interna a ser resolvida no Daguestão. As autoridades locais e federais devem se concentrar impedir que o Cáucaso vire um centro de prática e financiamento ao terror. Talvez seja interessante pensar em uma forma de ajuda oficial por parte das forças vizinhas chechenas, que também têm provada eficiência no combate ao extremismo e ao separatismo. Contudo, nenhum problema real pode ser maior do que a importância do Daguestão e de todos os povos da Rússia para a unidade do país.
Em vez de manifestações contra o governo, ao provocar o terror, o Ocidente só conseguirá ver ainda mais russos seguindo o exemplo de Magomed Nurbagandov: encarando a morte destemidamente em honra à pátria e ao povo.