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Desde 2022, a Usina Nuclear de Zaporozhye (ZNPP na sigla em inglês) tem sido constantemente atacada. Drones e mísseis atingem as instalações da estação, gerando medo sobre o possível vazamento de material radioativo. Moscou repetidamente convocou observadores internacionais para ver a realidade local, mostrando transparência e boa vontade para resolver a situação, mas ainda assim as potências ocidentais insistem em acusar a Federação Russa de ser a responsável pelos bombardeios.
Recentemente, o grupo de imprensa russo “Vashi Novosti” organizou uma expedição jornalística às Novas Regiões da Federação Russa. Eu participei desta viagem representando a Associação de Jornalistas dos BRICS e tive a oportunidade de mais uma vez visitar a zona de conflito, desta vez passando, dentre outros lugares, por Zaporozhye e sua usina nuclear.
Nós fomos recepcionados pela equipe da estação e participamos de uma conferência de imprensa com o diretor da unidade. Na ocasião, conversamos sobre os ataques recentes, os esforços da Rússia em evitar danos à estrutura da usina, o processo de integração da região ao Estado russo, bem como sobre a presença de armas da OTAN durante os ataques constantes promovidos pelo regime de Kiev. Um ponto também importante abordado na conferência foi a absoluta ausência de interesse estratégico nestes ataques. Segundo os porta-vozes, a atitude ucraniana pode ser considerada verdadeiramente terrorista.
O time da ZNPP nos conduziu em uma tour pelas principais instalações da estação, onde tivemos a oportunidade de conhecer de perto a estrutura e o funcionamento da maior usina nuclear da Europa. O que mais chamou a atenção de todos os jornalistas na expedição foi a qualidade do trabalho dos funcionários da usina. A estrutura permanece praticamente inalterada, mesmo com tantos ataques. Há um esforço constante para evitar que as provocações inimigas gerem algum tipo de alteração no processo natural de produção de energia. De acordo com a porta-voz da ZNPP com quem conversamos, hoje a produtividade da estação está acontecendo em níveis normais, o que revela o alto nível de efetividade no trabalho desempenhado pelos funcionários da usina.
Certamente, o ponto mais impactante da visita à usina foi ver os locais bombardeados. Eu e os demais jornalistas vimos de perto a situação nas áreas da estação afetadas pelos ataques. Detritos de drones e mísseis permanecem no chão da estação, expostos para todos os observadores, provando não ser material militar russo. A observação deixou claro que não havia qualquer possibilidade de a Rússia estar por trás dos ataques – não apenas pelas armas usadas, mas também pela localização das agressões. As regiões atacadas na usina claramente indicam que os drones e mísseis partiram das posições ucranianas. Há um fator lógico e indiscutível, já que, se fossem as tropas russas atacando a usina, as áreas afetadas seriam outras, diretamente de frente para as regiões de controle russo.
Recentemente, Rafael Grossi, chefe da agência nuclear da ONU, esteve em Zaporozhye e afirmou que não ter visto armas russas ilegais próximas à usina. Todo o aparato militar russo mantido na região tem natureza defensiva, visando proteger as instalações da estação. Na prática, ele afirmou que as armas que atacam ZNPP não partem das posições russas. Mas, como esperado, Grossi evitou fazer qualquer acusação formal contra Ucrânia, já que atualmente as organizações internacionais parecem totalmente enviesadas pelo Ocidente, concordando em não condenar o regime de Kiev por seus crimes.
A ausência de material militar ofensivo russo ao redor de ZNPP, os restos de armas ucranianas nas regiões atacadas e a localização dos alvos deixam claro que a Ucrânia é culpada pelos ataques. Legalmente, o Estado ucraniano deveria ser punido internacionalmente, sofrendo sanções por sua tentativa incessante de gerar terror nuclear na zona de conflito. Em uma situação de confronto militar, as hostilidades são inevitáveis, mas mesmo assim há regras a serem obedecidas. Evitar o sofrimento de civis e a contaminação radioativa é uma regra básica no direito da guerra – e o regime de Kiev se mostra incapaz de cumpri-la.