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Valentin Katasonov
December 13, 2023
© Photo: Public domain

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Hoje em dia, por vezes nos media russos e estrangeiros é mencionada uma empresa estado-unidense com o nome intrigante de Blackrock, que significa “Rocha Negra”. Ela é muito menos conhecido pela maioria dos cidadãos do que, digamos, os bancos da Wall Street ou as corporações de TI do Silicon Valley.

Entretanto, a Blackrock é a maior empresa do mundo em termos de ativos sob sua gestão. Em fins do ano passado o montante para a Blackrock era de 8,6 milhões de milhões (trillions) de dólares. Trata-se de uma companhia de investimento que presta administração fiduciária dos fundos dos clientes. Além da Blackrock, há outros três gigantes de perfil semelhante e aproximadamente a mesma “categoria de peso”: VanguardGroup, Inc., Fidelity Investments (FMR LLC), State Street. Também são chamadas empresas de participações financeiras. Mas a Blackrock é a maior empresa investidoras entre as Quatro Grandes. A Blackrock e as outras três empresas de investimento controlam uma parte importante da economia estado-unidense através dos seus investimentos de capital. Em particular, estão presentes no capital dos principais bancos da Wall Street, das corporações de TI em Silicon Valley, grandes empresas farmacêuticas, empresa do complexo militar-industrial (MIC), etc. Além disso, a Blackrock e as restantes quatro grandes empresas também estão presentes nas economias de outros países.

Mas agora quero chamar a atenção para o facto de que as quatro grandes empresas de investimento e o Estado americano estão a fundir-se cada vez mais. E nisto a empresa Blackrock têve êxito especial. Em 2020 Joe Biden tornou-se presidente dos Estados Unidos. E já no princípio de 2021 foi formado uma nova equipe na administração presidencial e no governo. Nela foram vistas várias pessoas da Blackrock.

A figura mais importante é Brian Deese. Foi nomeado diretor do Conselho Económico Nacional (CNE). Deese tem uma ampla experiência tanto no serviço público como em grandes empresas. Foi assessor principal do presidente Obama e subdiretor e diretor do Gabinete de Gestão e Orçamento. Durante a presidência de Donald Trump trablhou na BlackRock, dirigindo a divisão de investimento sustentável e avaliando projetos baseados em indicadores ESG (ambientais, sociais e de governo corporativo).

E aqui está outra figura: WallyAdeyemo. Janet Yellen nomeou-o subsecretário do Tesouro. Originário da Nigéria. Foi Presidente da Fundação Obama (desde 2019), assessor adjunto de Segurança Nacional do Presidente dos EUA em Assuntos Económicos Internacionais e Diretor Adjunto do CNE. Anteriormente foi subsecretário do Tesouro para Mercados Internacionais e Desenvolvimento e, antes disso, foi assessor sénior na BlackRock.

Também se pode recordar Michael Pyle. Foi nomeado assessor económico principal da vice-presidente Kamala Harris. Tem experiência de trabalho em agências governamentais. Na época de Barack Obama, trabalhou na administração presidencial durante cinco anos. A seguir passou à BlackRock, onde atuou como estratega-chefe de investimentos.

Assim, vemos que várias pessoas importantes transitam entre a BlackRock e o aparelho de Estado (na linguagem politicamente correta de Washington, chama-se a isto “rotação de pessoal”). Podem-se mencionar algumas pessoas que ontem estavam no poder do governo e hoje trabalham na BlackRock. A figura mais importante entre elas é Thomas E. Donilon. Trabalhou nos governos Carter, Clinton e Obama, inclusive como chefe de gabinete do Departamento de Estado dos EUA. Em tempos, foi considerado candidato ao cargo de diretor da CIA. Durante a presidência Obama, foi conselheiro de segurança nacional de 2010 a 2013 e depois transferiu-se para a BlackRock. Durante os últimos dez anos, dirigiu o BlackRock Investment Institute, o principal centro analítico do holding financeiro.

Nos últimos anos, foram também estabelecidos laços estreitos entre a BlackRock e o banco central dos EUA, o Sistema de Reserva Federal. De particular interesse é o ano de 2020, quando a economia dos EUA se encontrava num estado de impasse, causado pela chamada pandemia do Covid. Em março daquele ano, as autoridades monetárias americanas (a Reserva Federal e o Ministério das Finanças), de acordo com o Congresso e o Presidente, anunciaram um programa de assistência multimilionário. A Reserva Federal dos EUA prometeu imprimir cerca de US$4 milhões de milhões num curto espaço de tempo, e o Tesouro dos EUA prometeu fornecer US$2,2 milhões de milhões em assistência orçamental. Dos US$4 milhões de milhões emitidos pela Reserva Federal, cerca de metade deveria ser fornecida ao Tesouro sob a forma de um empréstimo e a outra metade seria utilizada diretamente para apoiar o crédito às indústrias e empresas mais afetadas.

Tradicionalmente, a Reserva Federal dos EUA tem emprestado à economia americana de acordo com o esquema clássico, ou seja, emprestando às empresas não diretamente, mas sim através de bancos comerciais. E em 2020, nasceu um novo esquema de apoio às empresas por parte do banco central dos EUA. Foram criadas empresas especiais, denominadas Special Purpose Vehicles (SPVs). O fundador destas empresas foi o Departamento do Tesouro dos EUA, que constituiu o seu capital autorizado (454 mil milhões de dólares do Tesouro foram afetados à capitalização dos SPV). Mas o mais interessante é o seguinte: as autoridades monetárias oficiais dos EUA decidiram que a empresa de investimento BlackRock iria gerir as atividades do SPV.

Assim, a BlackRock ganhou acesso à gestão das empresas SPV, através das quais milhares de milhões e mesmo milhões de milhões de dólares saíram da impressora da Reserva Federal dos EUA. Escrevi em pormenor sobre esta história há três anos. Em particular, no artigo A grande reinicialização: BlackRock – O misterioso criador da Nova Ordem Mundial, descrevi a nomeação de uma holding financeira como gestora do dinheiro da Reserva Federal da seguinte forma:   “A BlackRock não ganhará apenas um dinheiro colossal com estas operações. De facto, vai gerir os fluxos de caixa. Isto significa que a empresa já não é um simples intermediário, ela ganha poder e torna-se parte das autoridades monetárias dos EUA. O duunvirato monetário (Fed mais Tesouro) transforma-se num triunvirato (Fed mais Tesouro mais BlackRock). Alguns peritos não excluem sequer um cenário em que a Reserva Federal dos Estados Unidos se torne um apêndice técnico da BlackRock: a primeira limitar-se-á a emitir dinheiro e a segunda decidirá a quem doar e em que condições”.

Eis o que a especialisa em finanças internacionais Ellen Brown escreveu em 2020 no artigo Meet BlackRock, the new great vampire squid:   “Nessa altura “Quando o público estava distraído com protestos, motins e bloqueios, a BlackRock emergiu subitamente das sombras. Convertendo-se no “quarto ramo do governo” que gere os controlos da moeda fiduciária do banco central”.

Já assinalei anteriormente que a BlackRock está presente nas economias de outros países. “A BlackRock é um gigante financeiro global com clientes em 100 países e tentáculos nas principais classes de ativos em todo o mundo”, observou Ellen Brown.

Até há pouco tempo, a holding financeira estava presente na economia russa. A BlackRock criou um grande fundo russo cotado em bolsa, o Russia ETF, na Rússia. Mas após o início da OME na Ucrânia e das sanções económicas ocidentais contra a Rússia, o Russia ETF iniciou o processo de encerramento do referido fundo (até ao final deste ano, deverá deixar de existir). A BlackRock criou fundos semelhantes em muitos outros países e estão a funcionar.

A área mais importante das atividades de investimento da Blackrock é a recompra de obrigações do Estado de outros países. É óbvio que as autoridades monetárias de outros países são obrigadas a prestar atenção aos chefes das holdings financeiras. Mas esta é a influência invisível da Blackrock. E há algo mais visível.

Desde há algum tempo, a BlackRock começou a interferir ativamente nas atividades das autoridades monetárias e dos reguladores financeiros de outros países. Em primeiro lugar, em relação às normas ESG (ambientais, sociais e de governação), trata-se de normas ambientais, sociais e de governação empresarial. A história do aparecimento destas normas é bastante confusa. Especialistas sérios acreditam que a elite financeira global (“os donos do dinheiro”) precisa delas para redistribuir os ativos à escala global a seu favor e estabelecer um controlo efetivo sobre a economia mundial.

A BlackRock tornou-se um ator-chave no avanço da ESG a nível mundial. A holding financeira anunciou que não irá adquirir ou alienar ativos de empresas e organizações que não cumpram os padrões ESG. A este respeito, a BlackRock começou a consultar reguladores financeiros de outros países para que estes monitorizem o cumprimento das normas ESG por parte dos participantes nos mercados financeiros nacionais. De facto, a BlackRock começou a fazer lobby junto de outros estados para que adotassem regulamentos ESG adequados e monitorizem a sua implementação.

E aqui estão as últimas notícias do Reino Unido, que indicam que a BlackRock planeia interferir nas decisões do governo britânico. Um representante da BlackRock participará em breve na seleção de um candidato ao cargo de vice-governador do Banco de Inglaterra responsável pela política monetária. Ben Broadbent exerceu este cargo durante dois mandatos, mas o seu mandato termina em junho próximo.

O diretor da BlackRock para a Europa, Médio Oriente e África, Stephen Cohen, faz parte de um painel de cinco pessoas que irá realizar entrevistas e tomar decisões sobre os candidatos. A decisão sobre o processo de seleção do vice-governador do Banco de Inglaterra e a composição do painel foi tomada pelo Tesouro britânico.

Vários peritos comentaram “de uma forma politicamente correta” que a decisão do Tesouro britânico sobre o processo de seleção do vice-governador do banco central contém um “conflito de interesses”. Carsten Jung, economista sénior do Institute for Public Policy Research, que trabalhou anteriormente no Banco de Inglaterra, afirmou que a decisão do Tesouro criou “a aparência de um conflito de interesses, uma vez que o banco é responsável pela supervisão do sistema financeiro e pela responsabilização da pessoa que representa um dos atores mais influentes dos mercados financeiros no processo de contratação”.

Nas redes sociais, muitos chamaram a atenção para os desenvolvimentos no Reino Unido. De um modo geral, esta situação indica a perda de influência financeira dos governos e o reforço do papel dos fundos de investimento e das empresas transnacionais. Os governos estão a converter-se em fachadas formais que as empresas transnacionais utilizam para promover os seus interesses.

A versão em castelhano encontra-se em geoestrategia.es

Este artigo encontra-se em resistir.info

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A Blackrock toma o controle dos Estados e dos bancos centrais

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Hoje em dia, por vezes nos media russos e estrangeiros é mencionada uma empresa estado-unidense com o nome intrigante de Blackrock, que significa “Rocha Negra”. Ela é muito menos conhecido pela maioria dos cidadãos do que, digamos, os bancos da Wall Street ou as corporações de TI do Silicon Valley.

Entretanto, a Blackrock é a maior empresa do mundo em termos de ativos sob sua gestão. Em fins do ano passado o montante para a Blackrock era de 8,6 milhões de milhões (trillions) de dólares. Trata-se de uma companhia de investimento que presta administração fiduciária dos fundos dos clientes. Além da Blackrock, há outros três gigantes de perfil semelhante e aproximadamente a mesma “categoria de peso”: VanguardGroup, Inc., Fidelity Investments (FMR LLC), State Street. Também são chamadas empresas de participações financeiras. Mas a Blackrock é a maior empresa investidoras entre as Quatro Grandes. A Blackrock e as outras três empresas de investimento controlam uma parte importante da economia estado-unidense através dos seus investimentos de capital. Em particular, estão presentes no capital dos principais bancos da Wall Street, das corporações de TI em Silicon Valley, grandes empresas farmacêuticas, empresa do complexo militar-industrial (MIC), etc. Além disso, a Blackrock e as restantes quatro grandes empresas também estão presentes nas economias de outros países.

Mas agora quero chamar a atenção para o facto de que as quatro grandes empresas de investimento e o Estado americano estão a fundir-se cada vez mais. E nisto a empresa Blackrock têve êxito especial. Em 2020 Joe Biden tornou-se presidente dos Estados Unidos. E já no princípio de 2021 foi formado uma nova equipe na administração presidencial e no governo. Nela foram vistas várias pessoas da Blackrock.

A figura mais importante é Brian Deese. Foi nomeado diretor do Conselho Económico Nacional (CNE). Deese tem uma ampla experiência tanto no serviço público como em grandes empresas. Foi assessor principal do presidente Obama e subdiretor e diretor do Gabinete de Gestão e Orçamento. Durante a presidência de Donald Trump trablhou na BlackRock, dirigindo a divisão de investimento sustentável e avaliando projetos baseados em indicadores ESG (ambientais, sociais e de governo corporativo).

E aqui está outra figura: WallyAdeyemo. Janet Yellen nomeou-o subsecretário do Tesouro. Originário da Nigéria. Foi Presidente da Fundação Obama (desde 2019), assessor adjunto de Segurança Nacional do Presidente dos EUA em Assuntos Económicos Internacionais e Diretor Adjunto do CNE. Anteriormente foi subsecretário do Tesouro para Mercados Internacionais e Desenvolvimento e, antes disso, foi assessor sénior na BlackRock.

Também se pode recordar Michael Pyle. Foi nomeado assessor económico principal da vice-presidente Kamala Harris. Tem experiência de trabalho em agências governamentais. Na época de Barack Obama, trabalhou na administração presidencial durante cinco anos. A seguir passou à BlackRock, onde atuou como estratega-chefe de investimentos.

Assim, vemos que várias pessoas importantes transitam entre a BlackRock e o aparelho de Estado (na linguagem politicamente correta de Washington, chama-se a isto “rotação de pessoal”). Podem-se mencionar algumas pessoas que ontem estavam no poder do governo e hoje trabalham na BlackRock. A figura mais importante entre elas é Thomas E. Donilon. Trabalhou nos governos Carter, Clinton e Obama, inclusive como chefe de gabinete do Departamento de Estado dos EUA. Em tempos, foi considerado candidato ao cargo de diretor da CIA. Durante a presidência Obama, foi conselheiro de segurança nacional de 2010 a 2013 e depois transferiu-se para a BlackRock. Durante os últimos dez anos, dirigiu o BlackRock Investment Institute, o principal centro analítico do holding financeiro.

Nos últimos anos, foram também estabelecidos laços estreitos entre a BlackRock e o banco central dos EUA, o Sistema de Reserva Federal. De particular interesse é o ano de 2020, quando a economia dos EUA se encontrava num estado de impasse, causado pela chamada pandemia do Covid. Em março daquele ano, as autoridades monetárias americanas (a Reserva Federal e o Ministério das Finanças), de acordo com o Congresso e o Presidente, anunciaram um programa de assistência multimilionário. A Reserva Federal dos EUA prometeu imprimir cerca de US$4 milhões de milhões num curto espaço de tempo, e o Tesouro dos EUA prometeu fornecer US$2,2 milhões de milhões em assistência orçamental. Dos US$4 milhões de milhões emitidos pela Reserva Federal, cerca de metade deveria ser fornecida ao Tesouro sob a forma de um empréstimo e a outra metade seria utilizada diretamente para apoiar o crédito às indústrias e empresas mais afetadas.

Tradicionalmente, a Reserva Federal dos EUA tem emprestado à economia americana de acordo com o esquema clássico, ou seja, emprestando às empresas não diretamente, mas sim através de bancos comerciais. E em 2020, nasceu um novo esquema de apoio às empresas por parte do banco central dos EUA. Foram criadas empresas especiais, denominadas Special Purpose Vehicles (SPVs). O fundador destas empresas foi o Departamento do Tesouro dos EUA, que constituiu o seu capital autorizado (454 mil milhões de dólares do Tesouro foram afetados à capitalização dos SPV). Mas o mais interessante é o seguinte: as autoridades monetárias oficiais dos EUA decidiram que a empresa de investimento BlackRock iria gerir as atividades do SPV.

Assim, a BlackRock ganhou acesso à gestão das empresas SPV, através das quais milhares de milhões e mesmo milhões de milhões de dólares saíram da impressora da Reserva Federal dos EUA. Escrevi em pormenor sobre esta história há três anos. Em particular, no artigo A grande reinicialização: BlackRock – O misterioso criador da Nova Ordem Mundial, descrevi a nomeação de uma holding financeira como gestora do dinheiro da Reserva Federal da seguinte forma:   “A BlackRock não ganhará apenas um dinheiro colossal com estas operações. De facto, vai gerir os fluxos de caixa. Isto significa que a empresa já não é um simples intermediário, ela ganha poder e torna-se parte das autoridades monetárias dos EUA. O duunvirato monetário (Fed mais Tesouro) transforma-se num triunvirato (Fed mais Tesouro mais BlackRock). Alguns peritos não excluem sequer um cenário em que a Reserva Federal dos Estados Unidos se torne um apêndice técnico da BlackRock: a primeira limitar-se-á a emitir dinheiro e a segunda decidirá a quem doar e em que condições”.

Eis o que a especialisa em finanças internacionais Ellen Brown escreveu em 2020 no artigo Meet BlackRock, the new great vampire squid:   “Nessa altura “Quando o público estava distraído com protestos, motins e bloqueios, a BlackRock emergiu subitamente das sombras. Convertendo-se no “quarto ramo do governo” que gere os controlos da moeda fiduciária do banco central”.

Já assinalei anteriormente que a BlackRock está presente nas economias de outros países. “A BlackRock é um gigante financeiro global com clientes em 100 países e tentáculos nas principais classes de ativos em todo o mundo”, observou Ellen Brown.

Até há pouco tempo, a holding financeira estava presente na economia russa. A BlackRock criou um grande fundo russo cotado em bolsa, o Russia ETF, na Rússia. Mas após o início da OME na Ucrânia e das sanções económicas ocidentais contra a Rússia, o Russia ETF iniciou o processo de encerramento do referido fundo (até ao final deste ano, deverá deixar de existir). A BlackRock criou fundos semelhantes em muitos outros países e estão a funcionar.

A área mais importante das atividades de investimento da Blackrock é a recompra de obrigações do Estado de outros países. É óbvio que as autoridades monetárias de outros países são obrigadas a prestar atenção aos chefes das holdings financeiras. Mas esta é a influência invisível da Blackrock. E há algo mais visível.

Desde há algum tempo, a BlackRock começou a interferir ativamente nas atividades das autoridades monetárias e dos reguladores financeiros de outros países. Em primeiro lugar, em relação às normas ESG (ambientais, sociais e de governação), trata-se de normas ambientais, sociais e de governação empresarial. A história do aparecimento destas normas é bastante confusa. Especialistas sérios acreditam que a elite financeira global (“os donos do dinheiro”) precisa delas para redistribuir os ativos à escala global a seu favor e estabelecer um controlo efetivo sobre a economia mundial.

A BlackRock tornou-se um ator-chave no avanço da ESG a nível mundial. A holding financeira anunciou que não irá adquirir ou alienar ativos de empresas e organizações que não cumpram os padrões ESG. A este respeito, a BlackRock começou a consultar reguladores financeiros de outros países para que estes monitorizem o cumprimento das normas ESG por parte dos participantes nos mercados financeiros nacionais. De facto, a BlackRock começou a fazer lobby junto de outros estados para que adotassem regulamentos ESG adequados e monitorizem a sua implementação.

E aqui estão as últimas notícias do Reino Unido, que indicam que a BlackRock planeia interferir nas decisões do governo britânico. Um representante da BlackRock participará em breve na seleção de um candidato ao cargo de vice-governador do Banco de Inglaterra responsável pela política monetária. Ben Broadbent exerceu este cargo durante dois mandatos, mas o seu mandato termina em junho próximo.

O diretor da BlackRock para a Europa, Médio Oriente e África, Stephen Cohen, faz parte de um painel de cinco pessoas que irá realizar entrevistas e tomar decisões sobre os candidatos. A decisão sobre o processo de seleção do vice-governador do Banco de Inglaterra e a composição do painel foi tomada pelo Tesouro britânico.

Vários peritos comentaram “de uma forma politicamente correta” que a decisão do Tesouro britânico sobre o processo de seleção do vice-governador do banco central contém um “conflito de interesses”. Carsten Jung, economista sénior do Institute for Public Policy Research, que trabalhou anteriormente no Banco de Inglaterra, afirmou que a decisão do Tesouro criou “a aparência de um conflito de interesses, uma vez que o banco é responsável pela supervisão do sistema financeiro e pela responsabilização da pessoa que representa um dos atores mais influentes dos mercados financeiros no processo de contratação”.

Nas redes sociais, muitos chamaram a atenção para os desenvolvimentos no Reino Unido. De um modo geral, esta situação indica a perda de influência financeira dos governos e o reforço do papel dos fundos de investimento e das empresas transnacionais. Os governos estão a converter-se em fachadas formais que as empresas transnacionais utilizam para promover os seus interesses.

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