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Durante este tempo, a propaganda oficial esmerou-se em fazer crer os menos avisados, leia-se a maioria das populações, de que havia uma grande diferença entre o programa político do candidato republicano e o da candidata do Partido Democrata, quando sabemos que ambos os partidos são controlados pelo Deep State e que nada será feito na política americana sem o consentimento dos mandantes instalados no chamado estado profundo gringo.
O que acabo de afirmar ficou patente quando ambos os candidatos se prontificaram a apoiar sem reservas o estado sionista e o genocídio praticado por este na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, assim como os ataques terroristas ao Líbano com o falso propósito de tentarem eliminar o Hezbolah, algo que nunca conseguirão.
Quanto à guerra na Ucrânia, embora parecesse haver algumas divergências entre Donald Trump e Kamala Harris, no fundo, o que ambos queriam – e Trump foi mais apelativo nesse sentido – era acabar com essa guerra, que está perdida para o Ocidente, com a Ucrânia a ser um poço sem fundo para os milhões de dólares ali enterrados e os “infalíveis” carros de combate, mísseis e outros mimos militares americanos, alemães, ingleses e franceses a ficarem muito chamuscados na fotografia e a perderem toda a credibilidade perante o mundo.
No mais, perante uma América com uma economia devastada, ambos os candidatos prometeram medidas para fazerem voltar os EUA a serem a grande potência que já foram, sobretudo depois de 1991, como se o mundo não tivesse ainda mudado e os Brics e a Organização de Cooperação de Xangai não existissem e não tivessem entretanto estreitado laços políticos e económicos com os países da maioria global.
Perante este cenário, saltou à vista que, mediante esta avalanche de propaganda com que os canais de televisão e outros meios de comunicação ocidentais inundaram a sociedade, a esquerda, a verdadeira esquerda, anti-fascista, anti-imperialista e internacionalista, salvo raríssimas e honrosas excepções, parece que meteu férias, deixou de lado o seu papel de vanguarda dos trabalhadores, assim como o programa e o discurso sobre uma sociedade alternativa e aprimorou a sua política nas reivindicações de cariz económico, que são importantes sem dúvida, mas não corporizam toda a luta dos trabalhadores e nuns clamores inconsequentes de Paz, como se fosse possível, num estalar de dedos, fazer parar a guerra sem extirpar, quer na Ucrânia quer no Médio Oriente, os agentes do totalitarismo, profissionais dos assassinatos e dignos seguidores das hostes nazis. Essa mesma esquerda, salvo as honrosas excepções que já mencionei, também não combate o wokismo, aceitando, impávida e serenamente, as imposições do império no domínio da colonização cultural, económica e política.
Hoje, muitos têm medo de afirmar que a União Europeia é um antro criado para ser a caixa de ressonância dos EUA na Europa e que toda a Europa foi colonizada pelos EUA a seguir à II Guerra Mundial, uma vez que, agitando o espantalho do comunismo, povoaram o Velho Continente de bases militares que mais não são que meios de intimidação a todos os democratas e progressistas que não se revêm nas políticas de Washington e de Bruxelas. O mesmo argumento que usaram em 1949 para criarem a Nato, é o que utilizam agora para alimentarem a guerra na Ucrânia e com ela fazerem florescer o complexo militar-industrial americano, à custa de mais de meio milhão de mortos, assim como para continuarem com a expansão dessa aliança militar.
Como as televisões vendem um discurso a condizer com a estratégia norte-americana, a maioria da população ocidental toma por certo o que não passa de pura propaganda encomendada e vêm o “lobo mau” onde ele não existe, ao mesmo tempo que apoiam a política seguidista de Bruxelas, com o beneplácito dos políticos ocidentais que almejam alguma esmola que os leve a um lugar de destaque na UE ou em qualquer outro organismo controlado pelo império e lhes faculte chorudos vencimentos mensais.
Mesmo assim, o número dos despertos para esta realidade não tem parado de crescer e, se compararmos com as estatísticas de 2022 e com as consequentes manifestações populares havidas desde então, é fácil constatar que é agora maior o número de europeus que se opõem às guerras, que estão do lado do Povo palestino e advogam o justo reconhecimento do seu Estado, assim como são a favor do restabelecimento de relações diplomáticas e comerciais normais com a Rússia, até porque sabem que sem esse acontecimento a Europa está destinada a definhar ainda mais economicamente.
Resumindo, não são as eleições americanas que vão ditar o futuro da Europa, são os próprios europeus que, vítimas de políticas subservientes a Washington por parte da União Europeia e dos respectivos governos, têm que tomar o destino do continente nas suas mãos, talvez inspirados pelos nossos irmãos africanos que, num assomo de orgulho ferido perante a exploração desenfreada e o colonialismo mais torpe, deram um grito de revolta e expulsaram quem antes os oprimia.