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May 25, 2024
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Passam hoje 75 anos da fun­dação da NATO. À mesa dos fun­da­dores sen­tava-se o go­verno fas­cista de Sa­lazar. Quando al­guns es­pe­ravam que a der­rota do nazi-fas­cismo na II Guerra Mun­dial trou­xesse o fim do fas­cismo por­tu­guês, sob in­fluência das “de­mo­cra­cias oci­den­tais”, eis que as “de­mo­cra­cias oci­den­tais” deram as­sento ao sa­la­za­rismo na sua es­tru­tura mi­litar. Re­for­çado pelo apoio, o re­gime fas­cista por­tu­guês au­mentou a re­pressão, com vagas de pri­sões e as­sas­si­natos. A di­ta­dura ha­veria de durar mais 25 anos. Contou com o apoio ac­tivo da NATO na sua cri­mi­nosa guerra co­lo­nial. O ma­te­rial mi­litar for­ne­cido pelas po­tên­cias da NATO in­cluía o na­palm que o re­gime co­lo­nial usou na Guiné-Bissau, Mo­çam­bique e An­gola. Quando a di­ta­dura acabou, em 1974, por acção dos mi­li­tares de Abril e do povo por­tu­guês, foi quando a NATO “des­co­briu” o “pe­rigo duma di­ta­dura” em Por­tugal.

Como foi con­fir­mado pelo ex-pri­meiro-mi­nistro ita­liano An­dre­otti em 1990, a NATO criou es­tru­turas clan­des­tinas de­sig­nadas stay-behind (Gladio) em vá­rios países eu­ro­peus. Eram des­co­nhe­cidas dos par­la­mentos na­ci­o­nais mas es­tavam cheias de ve­lhos e novos fas­cistas (Re­pub­blica, 5 e 9.8.1990). Essas es­tru­turas clan­des­tinas, ser­viços se­cretos e sec­tores do Es­tado, ti­veram li­ga­ções a cam­pa­nhas de ter­ro­rismo, no­me­a­da­mente em Itália, como re­latam os li­vros de Sergio Fla­migni, Se­nador do PCI entre 1968 a 1987, e membro de vá­rias co­mis­sões par­la­men­tares de inqué­rito (por ex., Trame atlan­tiche, Kaos Edi­zioni, 1996).

Com o fim da URSS a NATO saiu do ar­mário e as­sumiu-se aber­ta­mente como má­quina de guerra pla­ne­tária ao ser­viço do im­pe­ri­a­lismo. As­si­na­lando os 50 anos da sua fun­dação, a NATO atacou a Ju­gos­lávia tra­zendo de novo a guerra ao con­ti­nente eu­ropeu, 54 anos após o fim da II Guerra Mun­dial e pouco mais de sete anos após o fim da URSS. Foi uma guerra ilegal, em aberta vi­o­lação do Di­reito In­ter­na­ci­onal e dei­tando a ONU para o cai­xote do lixo. Uma guerra tor­nada pos­sível pela so­cial-de­mo­cracia que então go­ver­nava na mai­oria dos países eu­ro­peus e pelos Verdes ale­mães que des­co­briram que a guerra faz bem ao am­bi­ente. Em si­mul­tâneo, a NATO efec­tuou o pri­meiro de vá­rios alar­ga­mentos a Leste e al­terou a sua dou­trina para afirmar o “di­reito” de in­tervir em toda a parte e sob qual­quer pre­texto. Era a afir­mação de um mundo ba­seado numa única regra: os EUA mandam e o resto obe­dece. De então para cá, a NATO não parou de de­sen­ca­dear ou ali­mentar guerras (Líbia, Afe­ga­nistão, Síria, Ucrânia, etc.).

A NATO tem hoje papel cen­tral na con­fron­tação com a Rússia. Mul­ti­plicam-se os en­vios de armas cada vez mais po­tentes para ali­mentar a guerra na Ucrânia, as ame­aças ver­bais tres­lou­cadas, a co­la­bo­ração em ac­ções de guerra no in­te­rior do ter­ri­tório russo, a de­ses­ta­bi­li­zação dos países vi­zi­nhos. «Eco­nomia de guerra» é a pa­lavra de ordem na União Eu­ro­peia, en­quanto Gaza não pára de morrer na guerra do seu amigo is­ra­e­lita. Ame­açam con­duzir a Hu­ma­ni­dade, na era nu­clear, a uma ca­tas­tró­fica III Guerra Mun­dial. Mesmo sem con­fron­tação bé­lica, os povos vão pagar uma pe­sa­dís­sima fac­tura.

Calar a ver­da­deira na­tu­reza da NATO é ser-se cúm­plice deste ca­minho de de­sastre. Nin­guém pode alegar que não sabe. Razão tem a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa: há que dis­solver os blocos po­lí­tico-mi­li­tares. Fora a NATO!

Publicado originalmente por avante.pt

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NATO: 75 anos a promover a guerra

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Passam hoje 75 anos da fun­dação da NATO. À mesa dos fun­da­dores sen­tava-se o go­verno fas­cista de Sa­lazar. Quando al­guns es­pe­ravam que a der­rota do nazi-fas­cismo na II Guerra Mun­dial trou­xesse o fim do fas­cismo por­tu­guês, sob in­fluência das “de­mo­cra­cias oci­den­tais”, eis que as “de­mo­cra­cias oci­den­tais” deram as­sento ao sa­la­za­rismo na sua es­tru­tura mi­litar. Re­for­çado pelo apoio, o re­gime fas­cista por­tu­guês au­mentou a re­pressão, com vagas de pri­sões e as­sas­si­natos. A di­ta­dura ha­veria de durar mais 25 anos. Contou com o apoio ac­tivo da NATO na sua cri­mi­nosa guerra co­lo­nial. O ma­te­rial mi­litar for­ne­cido pelas po­tên­cias da NATO in­cluía o na­palm que o re­gime co­lo­nial usou na Guiné-Bissau, Mo­çam­bique e An­gola. Quando a di­ta­dura acabou, em 1974, por acção dos mi­li­tares de Abril e do povo por­tu­guês, foi quando a NATO “des­co­briu” o “pe­rigo duma di­ta­dura” em Por­tugal.

Como foi con­fir­mado pelo ex-pri­meiro-mi­nistro ita­liano An­dre­otti em 1990, a NATO criou es­tru­turas clan­des­tinas de­sig­nadas stay-behind (Gladio) em vá­rios países eu­ro­peus. Eram des­co­nhe­cidas dos par­la­mentos na­ci­o­nais mas es­tavam cheias de ve­lhos e novos fas­cistas (Re­pub­blica, 5 e 9.8.1990). Essas es­tru­turas clan­des­tinas, ser­viços se­cretos e sec­tores do Es­tado, ti­veram li­ga­ções a cam­pa­nhas de ter­ro­rismo, no­me­a­da­mente em Itália, como re­latam os li­vros de Sergio Fla­migni, Se­nador do PCI entre 1968 a 1987, e membro de vá­rias co­mis­sões par­la­men­tares de inqué­rito (por ex., Trame atlan­tiche, Kaos Edi­zioni, 1996).

Com o fim da URSS a NATO saiu do ar­mário e as­sumiu-se aber­ta­mente como má­quina de guerra pla­ne­tária ao ser­viço do im­pe­ri­a­lismo. As­si­na­lando os 50 anos da sua fun­dação, a NATO atacou a Ju­gos­lávia tra­zendo de novo a guerra ao con­ti­nente eu­ropeu, 54 anos após o fim da II Guerra Mun­dial e pouco mais de sete anos após o fim da URSS. Foi uma guerra ilegal, em aberta vi­o­lação do Di­reito In­ter­na­ci­onal e dei­tando a ONU para o cai­xote do lixo. Uma guerra tor­nada pos­sível pela so­cial-de­mo­cracia que então go­ver­nava na mai­oria dos países eu­ro­peus e pelos Verdes ale­mães que des­co­briram que a guerra faz bem ao am­bi­ente. Em si­mul­tâneo, a NATO efec­tuou o pri­meiro de vá­rios alar­ga­mentos a Leste e al­terou a sua dou­trina para afirmar o “di­reito” de in­tervir em toda a parte e sob qual­quer pre­texto. Era a afir­mação de um mundo ba­seado numa única regra: os EUA mandam e o resto obe­dece. De então para cá, a NATO não parou de de­sen­ca­dear ou ali­mentar guerras (Líbia, Afe­ga­nistão, Síria, Ucrânia, etc.).

A NATO tem hoje papel cen­tral na con­fron­tação com a Rússia. Mul­ti­plicam-se os en­vios de armas cada vez mais po­tentes para ali­mentar a guerra na Ucrânia, as ame­aças ver­bais tres­lou­cadas, a co­la­bo­ração em ac­ções de guerra no in­te­rior do ter­ri­tório russo, a de­ses­ta­bi­li­zação dos países vi­zi­nhos. «Eco­nomia de guerra» é a pa­lavra de ordem na União Eu­ro­peia, en­quanto Gaza não pára de morrer na guerra do seu amigo is­ra­e­lita. Ame­açam con­duzir a Hu­ma­ni­dade, na era nu­clear, a uma ca­tas­tró­fica III Guerra Mun­dial. Mesmo sem con­fron­tação bé­lica, os povos vão pagar uma pe­sa­dís­sima fac­tura.

Calar a ver­da­deira na­tu­reza da NATO é ser-se cúm­plice deste ca­minho de de­sastre. Nin­guém pode alegar que não sabe. Razão tem a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa: há que dis­solver os blocos po­lí­tico-mi­li­tares. Fora a NATO!

Publicado originalmente por avante.pt