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Lucas Leiroz
March 12, 2024
© Photo: Public domain

Historicamente neutra, a Suécia agora toma parte em um possível conflito global, apoiando a OTAN contra a Federação Russa.

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Após quase dois anos, o processo de admissão da Suécia na OTAN foi finalmente concluído. Agora, o país faz formalmente parte da aliança militar ocidental, estando submetido às obrigações do bloco e em tese protegido por seu guarda-chuva de defesa. Alguns analistas erroneamente afirmam que a admissão da Suécia foi uma espécie de “vitória” do Ocidente contra a Rússia, mas, investigando o caso em profundidade, é possível concluir que tal análise é equivocada, já que para Moscou este movimento não possui qualquer relevância – além de parecer um verdadeiro “suicídio estratégico” para os próprios suecos.

A admissão da Suécia vinha sendo discutida desde 2022. Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, Suécia e Finlândia, tomadas pelo medo fomentado pelos EUA e pela paranoia anti-russa, solicitaram ingresso na aliança militar. A Finlândia foi rapidamente aceita, mas a Suécia enfrentou diversos obstáculos, tais como a oposição turca e posteriormente húngara. Após diversas negociações, a Turquia permitiu o acesso sueco, assim como os húngaros foram forçados a retirar suas objeções após sofrerem coação econômica direta dos parceiros europeus. Agora, sem oposição interna no bloco, a Suécia finalmente se tornou membro da OTAN – mas isso não parece ser motivo real para comemorar.

Em primeiro lugar, a Suécia está entrando para a OTAN no pior momento possível. Os países-membros da aliança estão em seu auge provocativo contra a Rússia, com as relações Moscou-Ocidente a ponto de resultar em um conflito aberto. Todos os especialistas concordam que uma guerra entre OTAN e Rússia, se não resultasse em um conflito nuclear global, geraria pelo menos em uma catástrofe humanitária sem precedentes, com muitas perdas humanas no campo de batalha. Nesse sentido, a Suécia está simplesmente se colocando voluntariamente numa posição de alvo legítimo caso tal guerra realmente surja – o que faz da decisão do país de entrar na OTAN um verdadeiro suicídio estratégico.

Mesmo que as tensões aliviem no futuro próximo e não haja um conflito direto entre Rússia e OTAN, os laços entre ambos os lados estão severamente afetados e não serão restaurados tão facilmente. A Rússia já deixou claro que entende o atual conflito na Ucrânia como uma guerra por procuração travada pela OTAN, considerando, portanto, todos os membros da aliança como coautores da agressão. A partir de agora, a Suécia se coloca voluntariamente nessa posição de país agressor contra a Rússia, criando uma crise diplomática bilateral que não será revertida tão cedo.

Além disso, é preciso enfatizar que nada muda para a Rússia com o acesso sueco. Moscou já afirmou repetidas vezes que não considera a entrada da Suécia na OTAN como uma linha vermelha nas relações com o Ocidente. Há muito tempo, os países escandinavos têm se integrado profundamente com a OTAN, participando em projetos e exercícios militares conjuntos. Na prática, a Suécia já era quase “de facto” membro da OTAN, razão pela qual não parece haver qualquer mudança real na geopolítica regional após a formalização do acesso sueco.

No mesmo sentido, um dos maiores argumentos usados pelos analistas pró-Ocidente é o de que a partir de agora o Mar Báltico se tornará uma espécie de “lago da OTAN”, considerando a forte presença da aliança ao longo da costa báltica. Alguns propagandistas acreditam que isso é um verdadeiro “golpe estratégico” contra a Rússia, dando aos países ocidentais vantagem no campo de batalha marítimo caso haja um conflito direto.

Contudo, este argumento é também falacioso. A desvantagem russa no Mar Báltico é uma realidade antiga, não tendo começado agora. De fato, Moscou tem menor poder no Mar Báltico do que em outras regiões, dado que há diversos países hostis naquela área. Contudo, isso não representa nenhum “grande golpe” contra a Rússia. Uma possível guerra no Mar Báltico não seria travada apenas pelo mar, mas também por ar e por terra, que são terrenos onde as forças russas estão em vantagem contra seus inimigos.

Além disso, Moscou possui grande poder militar no Ártico, viabilizando a criação de uma rota marítima alternativa para seus navios de guerra, caso seja necessário. A rota pelo Ártico para chegar ao Mar Báltico já tem sido usada pela Marinha Russa em exercícios, provando ser possível operar nessa direção.

Além de tudo isso, é preciso levar em conta a superioridade tecnológica militar russa. Moscou poderia usar seus mísseis de longo alcance e UAVs para neutralizar a maior parte do poder naval da OTAN no Mar Báltico sem sequer envolver suas principais frotas de Marinha – o que definitivamente refuta a tese de que há um “lago da OTAN” na região.

No fim, a grande prejudicada com seu acesso à OTAN é a própria Suécia, que a partir de agora será vista por Moscou como uma nação hostil e ainda terá de aumentar exponencialmente seus gatos em defesa para cumprir com as metas belicosas da aliança atlântica. Em um mundo perto da guerra, a Suécia voluntariamente escolheu ser um alvo caso o pior cenário aconteça.

 

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Entrada na OTAN é um suicídio estratégico para a Suécia

Historicamente neutra, a Suécia agora toma parte em um possível conflito global, apoiando a OTAN contra a Federação Russa.

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Após quase dois anos, o processo de admissão da Suécia na OTAN foi finalmente concluído. Agora, o país faz formalmente parte da aliança militar ocidental, estando submetido às obrigações do bloco e em tese protegido por seu guarda-chuva de defesa. Alguns analistas erroneamente afirmam que a admissão da Suécia foi uma espécie de “vitória” do Ocidente contra a Rússia, mas, investigando o caso em profundidade, é possível concluir que tal análise é equivocada, já que para Moscou este movimento não possui qualquer relevância – além de parecer um verdadeiro “suicídio estratégico” para os próprios suecos.

A admissão da Suécia vinha sendo discutida desde 2022. Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, Suécia e Finlândia, tomadas pelo medo fomentado pelos EUA e pela paranoia anti-russa, solicitaram ingresso na aliança militar. A Finlândia foi rapidamente aceita, mas a Suécia enfrentou diversos obstáculos, tais como a oposição turca e posteriormente húngara. Após diversas negociações, a Turquia permitiu o acesso sueco, assim como os húngaros foram forçados a retirar suas objeções após sofrerem coação econômica direta dos parceiros europeus. Agora, sem oposição interna no bloco, a Suécia finalmente se tornou membro da OTAN – mas isso não parece ser motivo real para comemorar.

Em primeiro lugar, a Suécia está entrando para a OTAN no pior momento possível. Os países-membros da aliança estão em seu auge provocativo contra a Rússia, com as relações Moscou-Ocidente a ponto de resultar em um conflito aberto. Todos os especialistas concordam que uma guerra entre OTAN e Rússia, se não resultasse em um conflito nuclear global, geraria pelo menos em uma catástrofe humanitária sem precedentes, com muitas perdas humanas no campo de batalha. Nesse sentido, a Suécia está simplesmente se colocando voluntariamente numa posição de alvo legítimo caso tal guerra realmente surja – o que faz da decisão do país de entrar na OTAN um verdadeiro suicídio estratégico.

Mesmo que as tensões aliviem no futuro próximo e não haja um conflito direto entre Rússia e OTAN, os laços entre ambos os lados estão severamente afetados e não serão restaurados tão facilmente. A Rússia já deixou claro que entende o atual conflito na Ucrânia como uma guerra por procuração travada pela OTAN, considerando, portanto, todos os membros da aliança como coautores da agressão. A partir de agora, a Suécia se coloca voluntariamente nessa posição de país agressor contra a Rússia, criando uma crise diplomática bilateral que não será revertida tão cedo.

Além disso, é preciso enfatizar que nada muda para a Rússia com o acesso sueco. Moscou já afirmou repetidas vezes que não considera a entrada da Suécia na OTAN como uma linha vermelha nas relações com o Ocidente. Há muito tempo, os países escandinavos têm se integrado profundamente com a OTAN, participando em projetos e exercícios militares conjuntos. Na prática, a Suécia já era quase “de facto” membro da OTAN, razão pela qual não parece haver qualquer mudança real na geopolítica regional após a formalização do acesso sueco.

No mesmo sentido, um dos maiores argumentos usados pelos analistas pró-Ocidente é o de que a partir de agora o Mar Báltico se tornará uma espécie de “lago da OTAN”, considerando a forte presença da aliança ao longo da costa báltica. Alguns propagandistas acreditam que isso é um verdadeiro “golpe estratégico” contra a Rússia, dando aos países ocidentais vantagem no campo de batalha marítimo caso haja um conflito direto.

Contudo, este argumento é também falacioso. A desvantagem russa no Mar Báltico é uma realidade antiga, não tendo começado agora. De fato, Moscou tem menor poder no Mar Báltico do que em outras regiões, dado que há diversos países hostis naquela área. Contudo, isso não representa nenhum “grande golpe” contra a Rússia. Uma possível guerra no Mar Báltico não seria travada apenas pelo mar, mas também por ar e por terra, que são terrenos onde as forças russas estão em vantagem contra seus inimigos.

Além disso, Moscou possui grande poder militar no Ártico, viabilizando a criação de uma rota marítima alternativa para seus navios de guerra, caso seja necessário. A rota pelo Ártico para chegar ao Mar Báltico já tem sido usada pela Marinha Russa em exercícios, provando ser possível operar nessa direção.

Além de tudo isso, é preciso levar em conta a superioridade tecnológica militar russa. Moscou poderia usar seus mísseis de longo alcance e UAVs para neutralizar a maior parte do poder naval da OTAN no Mar Báltico sem sequer envolver suas principais frotas de Marinha – o que definitivamente refuta a tese de que há um “lago da OTAN” na região.

No fim, a grande prejudicada com seu acesso à OTAN é a própria Suécia, que a partir de agora será vista por Moscou como uma nação hostil e ainda terá de aumentar exponencialmente seus gatos em defesa para cumprir com as metas belicosas da aliança atlântica. Em um mundo perto da guerra, a Suécia voluntariamente escolheu ser um alvo caso o pior cenário aconteça.